Era época de decidir qual faculdade eu queria e, para falar a verdade, ainda não tinha a mínima ideia do que gostaria de fazer no futuro. Os professores sempre me incentivaram a seguir uma carreira ligada à área de exatas, já que minhas notas mais altas provinham dessas matérias. Sempre tive a predominância da inteligência lógico-matemática, mas nunca parei para pensar realmente no assunto.
Eu costumava ficar olhando para o quadro sem prestar muita atenção, apesar de me interessar por matérias como biologia e outras, mas me concentrar parecia quase impossível com meu celular indicando a chegada de mensagens, as meninas na fileira atrás fofocando, um cachorro latindo insuportavelmente em algum lugar lá fora, enfim qualquer evento me chamava a atenção. Eram tantas coisas ao meu redor que eu simplesmente não conseguia me focar somente na voz do professor. Mais tarde, essa minha falta de atenção foi identificada por um diagnóstico: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou simplesmente, TDAH.
Eu fazia um grande esforço no inicio. Certa vez, estava com tanta atenção no professor, que mal vi quando o sinal da saída tocou. Levantei e me despedi dos meus amigos. Comecei a me preparar para ir para casa. Como eu estudava na parte da tarde, o trânsito ficava terrível, sendo assim, decidi pegar o metrô naquele dia. Só não imaginei que aquilo mudaria minha vida drasticamente.
Depois de entrar na estação, desci as escadas correndo, pois o trem do metrô já estava estacionado na plataforma e, obviamente, estava cheio. Mas o que esperar da hora do rush no Rio de Janeiro, afinal? Eu me espremi entre as pessoas e consegui, com a habilidade de um contorcionista, entrar dentro do vagão. Parei, então, ao lado de um rapaz rechonchudo, com cabelos castanhos escuros e um cavanhaque. Ele sorriu para mim com certo ar de repreensão. Acontece que nas manobras para entrar no vagão acabei com o cotovelo esquerdo nas suas costelas.É óbvio que não foi intencionalmente, mas, sim, pela quantidade de pessoas que se encontravam naquele cubículo. Eu sorri de volta, meio sem graça e como se pedisse desculpas, enquanto me ajeitava, contudo não podia melhorar muito a situação.
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(narrado pelo personagem Alex Albuquerque – @alexalbuquerqu8)
(Autores: Bianca de Castro Oliveira e Glaucio Aranha)
(Imagem: Commons Wikimedia – http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Studying_(4755894459).jpg )