ANSIEDADE, MEDOS E PREOCUPAÇÕES: TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. Por Elizeth Heldt, Luciano Isolan, Maria Augusta Mansur e Rafaela Behs Jarros

ANSIEDADE, MEDOS E PREOCUPAÇÕES: TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. Elizeth Heldt,  Luciano Isolan, Maria Augusta Mansur e  Rafaela Behs Jarros. In: APRENDIZAGEM, COMPORTAMENTO E EMOÇÕES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: UMA VISÃO TRANSDISCIPLINAR. Organização: Elisabete Castelon Konkiewitz. Editora UFGD, Dourados, 2013.

 

Light refracted by Mary Barnes
Light refracted by Emma Cownie “I have to add that my post traumatic illness has revolutionized my way of painting. By husband suddenly became much more interested in my work and has acted as my agent ever since. He was now sure that I had the necessary ‘scar on the soul’ to make it as an artist. That I had made the breakthrough. I still paint prolifically because I need to paint still, not only professionally but must importantly in a therapeutic sense. Painting is when I am most ‘whole’ alive, engaged, fulfilled, free from self and doubts. Principally I write about how art has been a massive and continuing therapeutic benefit to me even though I initially returned to it very ‘broken’ despairing and distraught. I hope to engender some hope in other suffering form this most misunderstood mental health problem. I do not mean to say art was the only part of my therapy. EMDR was a vital core to my treatment and I would recommend this to others also. Now I paint with urgency, painting, painting, painting”. http://emmafcownie.com/2013/07/

Ana é uma menina de 10 anos. Apresenta dores de cabeça e dores abdominais frequentemente. Tais sintomas ocorrem, principalmente, em situações nas quais se sente exposta a um grupo de colegas. Teme e evita escrever no quadro-negro ou apresentar trabalhos escolares na frente dos outros colegas. É extremamente tímida e tem poucos amigos. É descrita como uma aluna esforçada, quieta e que “não dá trabalho”. Tem muita vontade de interagir mais com os colegas, mas não consegue. Sente-se envergonhada e fica permanentemente preocupada com o que vão pensar dela. Comenta que na última vez que foi ler um texto em voz alta sentiu-se extremamente nervosa. “Minha voz não saía e eu queria sumir dali, foi muito ruim… não quero passar por isso de novo”. Os pais referem que a filha é muito querida e obediente em casa. Contam que sempre foi muito inibida e medrosa.

INTRODUÇÃO

Tornado, by Pablo Picasso
Tornado, by Pablo Picasso

A ansiedade é um estado emocional vivenciado com qualidade subjetiva do medo. É uma resposta a situações de perigo ou ameaças reais, como aos estresses e desafios do cotidiano. É caracterizada por apresentar sintomas somáticos, como taquicardia, palpitação, dificuldade respiratória, tremor, calorões, calafrios, tensão muscular, náuseas, dor de cabeça, sudorese etc. Sintomas cognitivos como dificuldade de concentração, pensamento catastrófico, hipervigilância, medo de perder o controle. Sintomas comportamentais como inquietude, isolamento e esquiva. Sintomas emocionais como medo, apreensão, irritabilidade e impaciência, e sintomas perceptivos como despersonalização, desrealização e hiper-reatividade aos estímulos1.

A ansiedade passa a ser patológica quando se torna uma emoção desagradável e incômoda, que surge sem estímulo externo apropriado ou proporcional para explicá-la, ou seja, quando a intensidade, duração e frequência estão aumentadas e associadas ao prejuízo no desempenho social ou profissional do paciente1.

Os transtornos de ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos mais prevalentes na infância e adolescência. Estando entre os quadros psiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes, em torno de 15% de jovens entre 6 e 19 anos de idade apresentam história de Transtorno de Ansiedade2.

A identificação precoce e o tratamento eficaz desses transtornos nessa faixa etária podem reduzir o impacto da ansiedade no funcionamento social e acadêmico e podem reduzir o desenvolvimento de outros transtornos de ansiedade e de outros transtornos psiquiátricos, como depressão na vida adulta3.

Sintomas de ansiedade são comuns em crianças e adolescentes normais, porém pouco reconhecidos. O diagnóstico diferencial entre preocupações, medos e timidez apropriados ao desenvolvimento normal com um diagnóstico de transtorno de ansiedade deve ser feito levando em conta o quanto de prejuízo que tais sintomas causam no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes na vida do paciente. Crianças muito pequenas, geralmente, apresentam medos de sons altos e medo de estranhos. Crianças pré-escolares costumam apresentar medo de criaturas imaginárias, medo de escuro, medo de danos físicos e algum grau de ansiedade de separação. Crianças em idade escolar, normalmente, têm preocupações acerca de eventos naturais (ex.: tempestades). Crianças mais velhas e adolescentes tipicamente têm preocupações e medos relacionados ao desempenho social e acadêmico, e com questões relacionadas à saúde4. Dessa forma, no que tange ao diagnóstico dos transtornos de ansiedade, na infância e adolescência sempre se deve levar em conta as características desenvolvimentais típicas para cada faixa etária.

Crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade podem apresentar medo e/ou preocupações excessivas e, normalmente, não reconhecem tais sintomas como irracionais ou exagerados, ao contrário dos adultos. Geralmente, apresentam sintomas somáticos como cefaleia, dispneia e dores de estômago. Ataques de raiva, crises de choro e irritabilidade, frequentemente, ocorrem em crianças com transtornos de ansiedade e podem ser mal interpretados como sendo oposição ou desobediência quando na realidade são manifestações de medo ou esforços para evitar situações desencadeadoras de ansiedade5.

Um padrão de comportamento caracterizado por medo excessivo está entre as causas mais comuns de procura por atendimento médico na infância e adolescência6. A tendência desses transtornos é ter o início precoce e o curso crônico, causando significativo prejuízo no funcionamento escolar, social e pessoal de seus portadores7,8, especialmente, pelo fato de que grande parte dos casos não recebe tratamento9.

Crianças e adolescentes ansiosos estão mais propensos a se queixarem de dor de cabeça, dor de estômago e dores musculares do que os colegas não ansiosos10. Aumento na atividade do sistema nervoso autonômico, transpiração, dor abdominal difusa, rubor, distúrbios gastrointestinais e tremor são exemplos de queixas de adolescentes ansiosos11.

Os Transtornos de Ansiedade como um grupo, podem ser subdivididos em: Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social, Fobia Específica, Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno Obsessivo-Compulsivo, os quais representam as formas mais prevalentes de psicopatologia em crianças e adolescentes.

 

 Transtorno de Ansiedade de Separação

Mother and children-by Pablo Picasso
Mother and children – Pablo Picasso

O Transtorno de Ansiedade de Separação caracteriza-se por um comportamento de ansiedade excessiva desencadeado quando a criança se afasta de casa ou das figuras principais de apego (pais ou seus substitutos), separação esta inadequada ao estágio de desenvolvimento da criança e suficiente para causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou em outras áreas importantes da vida do paciente. A média de idade de início do transtorno é de 7 anos.

Crianças e adolescentes com Ansiedade de Separação, quando sozinhos, podem experimentar medo persistente de ocorrer um possível dano ou perda de uma figura de apego ou de que algum evento trágico possa separá-los (por algo acontecer à figura de apego ou a si próprio), relutar ou recusar em ir à escola devido a medo de se separar12, sentir dificuldades em separar-se à noite não querendo dormir sozinho, ter pesadelos envolvendo temas de separação, sintomas físicos recorrentes em situações que envolvem afastamentos (dor abdominal, cefaleia, náuseas, vômitos, palpitações, tonturas e até desmaios) e ansiedade antecipatória8,13.child anxiety

Transtorno de Pânico

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O grito-de Edvard Munch

Em crianças e adolescentes, o Transtorno de Pânico é definido, assim como em adultos, pela ocorrência repetida de ataques de pânico e medo de ter novos ataques. Apresentando ataques de pânico espontâneos, ansiedade antecipatória e evitação fóbica, as crianças e adolescentes podem enfatizar mais os sintomas somáticos ou expressar o pânico como ansiedade de separação aguda. O pico de início é entre 15 e 19 anos, sendo incomum antes da puberdade. Pacientes nessa faixa etária podem ter menor capacidade de avaliar seus sentimentos e suas sensações e podem não associar a ocorrência de sintomas físicos à vivência subjetiva de ansiedade, o que dificulta o diagnóstico14. Ataques de pânico isolados não são raros nesse período do desenvolvimento, no entanto, apenas os ataques recorrentes que causam prejuízo significativo no desenvolvimento do paciente devem ser sugestivos de Transtorno de Pânico.

 

Transtorno de Ansiedade Generalizada

Woman in red arm chair, by Pablo PicassoO Transtorno de Ansiedade Generalizada, em crianças e adolescentes, é caracterizado pela presença de medo ou preocupações excessivas e de difícil controle com sua competência e com a qualidade de seu desempenho em eventos da rotina, mesmo quando não estão sendo avaliados, além de preocupação excessiva com eventos catastróficos e inclui pelo menos um sintoma somático (inquietude, fadiga, tensão muscular, irritabilidade, dificuldades de atenção, insônia) por pelo menos seis meses. Crianças e adolescentes com Transtorno de Ansiedade Generalizada estão mais predispostos do que crianças sem transtornos de ansiedade a relatar dor no peito, sensações estranhas ou irreais, coração disparado, dor de cabeça ou sensação de dor no estômago15. Apresentam tendência a ser perfeccionistas e inseguros e exigem constante garantia sobre seu desempenho.

Em adolescentes, envolve história de irritabilidade e ansiedade crônicas. As crises podem ser desencadeadas por pressões sociais, mudanças na vida e novas situações ou demandas de desempenho usualmente acadêmicas. Alguns adolescentes podem chegar a agredir familiares durante a expressão explosiva da ansiedade e frustração16.

O início costuma ser lento e insidioso e os pais têm, muitas vezes, dificuldades em precisar quando começou e relatam que foi agravando-se até se tornar intolerável, ocasião na qual procuram atendimento17,18. Durante o curso do transtorno, o foco pode mudar de uma preocupação para outra19.

Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social

Music, by Matisse
Music, by Matisse

O Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social caracteriza-se por medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho, nas quais a criança ou adolescente pode sentir inibição e timidez exageradas. O medo e a ansiedade são entendidos como parte normal do desenvolvimento da criança, no entanto, o termo fobia não se refere aos medos normais, mas a um medo irracional, invariavelmente patológico e exagerado20. A Fobia Social tem início insidioso em uma fase intermediária da adolescência12,21, mas há relatos de início em crianças de até oito anos de idade, às vezes emergindo a partir de um histórico de inibição social ou de timidez na infância22.

Crianças e adolescentes com Fobia Social referem um intenso desconforto em uma ampla variedade de situações que, em geral, acontecem diariamente. Esse desconforto é caracterizado por sintomas somáticos de ansiedade, como tremores, sudorese, palpitações, falta de ar, calafrios, ondas de calor. Além disso, a ansiedade pode se manifestar na forma de crises de choro, acessos de raiva, irritabilidade ou imobilidade23. Devido à ansiedade exagerada diante de situações sociais, esses pacientes são levados a evitá-las, o que impede o desenvolvimento de habilidades sociais, tornando-os pessoas isoladas e solitárias.

Ao contrário dos adultos, as crianças com Fobia Social, em geral, não têm a opção de evitar completamente as situações temidas e podem ser incapazes de identificar a natureza de sua ansiedade5, apresentando declínio no rendimento escolar, fobia escolar, déficits em habilidades sociais, baixa autoestima ou esquiva de atividades sociais e de amizades adequadas à idade24,25. A Fobia Social na infância e adolescência tem sido associada com importantes prejuízos sociais, ocupacionais e familiares, além de predispor ao uso de drogas e ao desenvolvimento de depressão e de outros transtornos de ansiedade na vida adulta21,26,27,28.

 

child anxiety 4Fobia Específica

A Fobia Específica caracteriza-se por um medo excessivo e persistente a um objeto ou situação claramente discerníveis e circunscritos. A exposição ao estímulo fóbico provoca imediata resposta de ansiedade, sendo frequentemente evitado pelas crianças ou adolescentes, que por sua vez reconhecem que seu medo é excessivo e irracional, o que dificilmente ocorre com as crianças5.

Geralmente, os medos são dirigidos a animais (ou insetos), ao ambiente natural (tempestades, altura, água) que, normalmente, tem início na infância, a sangue ou injeções ou ferimentos e, por fim, medos situacionais causados por uma situação específica, como andar de transportes coletivos, túneis, pontes, elevadores, aviões, dirigir ou permanecer em locais fechados5.

 

 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

In an upscale district of Downtown Beirut, two pre-teen boys rapped in Arabic during an exhibit showcasing the artwork of Syrian refugee children. Ramzi, a 12-year-old originally from Daraa, Syria, beatboxed as his friend Ayham, also from Daraa, spit rhymes. Guests watched quietly, impressed, as the two boys recalled life before the uprising turned civil war wreaked havoc on their country. This was part of an exhibit called “Light Against Darkness,” the result of a three-month art workshop that focused on helping children overcome the trauma of war through creative expression. Forty-three children produced about 166 works of drawings and clay sculptures, many of which depicted colorful renditions of schools, kids playing together, and families bonding. Others were not so cheery. Suha Wanous, a young girl originally from Latakia, drew a daughter holding her mother’s hand while a gun is pressed to her head. In the background of the picture, it’s raining and a helicopter is opening fire on a home while two small children lie on the grass bleeding, presumably dead. The organizers of the exhibit explained how Suha used to pass an army checkpoint daily before going to school back in Syria. She used to greet the soldiers assalamu alaykum (meaning “peace be upon you” in Arabic). Art-therapy sessions first started as a response to sketches like Suha’s, said Ali Elshiekh Haidar, a representative of Najda Now, the Syrian NGO that organized the workshop in conjunction with the Norwegian Embassy in Beirut. “We want everybody to see that children can overcome the war… If they don’t have the voice, they have the color for everyone to see what they have seen,” he said. For some children, expressing that voice on paper was no easy task. That’s where the Nadja Now center in Shatila comes in. The Palestinian refugee camp in Beirut’s southern suburbs is increasingly becoming home to Syrians fleeing the war. Sitting together in the center, Ali showed me dozens of sketches that were painted over in solid black out of angst. “At first, they were very stressed. They had a lot of shock from Syria, and they had the idea they could never see anything colorful again,” he said. Since the sessions began, however, the children’s spirits seem to have been lifted. Children no longer blacken over their work, and most draw colorful images, including pictures of Syria’s green and rugged landscapes. “It has helped us forget what we saw in Syria,” remarked one young girl of the workshop.
In an upscale district of Downtown Beirut, two pre-teen boys rapped in Arabic during an exhibit showcasing the artwork of Syrian refugee children. Ramzi, a 12-year-old originally from Daraa, Syria, beatboxed as his friend Ayham, also from Daraa, spit rhymes. Guests watched quietly, impressed, as the two boys recalled life before the uprising turned civil war wreaked havoc on their country. This was part of an exhibit called “Light Against Darkness,” the result of a three-month art workshop that focused on helping children overcome the trauma of war through creative expression. Forty-three children produced about 166 works of drawings and clay sculptures, many of which depicted colorful renditions of schools, kids playing together, and families bonding. Others were not so cheery. Suha Wanous, a young girl originally from Latakia, drew a daughter holding her mother’s hand while a gun is pressed to her head. In the background of the picture, it’s raining and a helicopter is opening fire on a home while two small children lie on the grass bleeding, presumably dead. The organizers of the exhibit explained how Suha used to pass an army checkpoint daily before going to school back in Syria. She used to greet the soldiers assalamu alaykum (meaning “peace be upon you” in Arabic). Art-therapy sessions first started as a response to sketches like Suha’s, said Ali Elshiekh Haidar, a representative of Najda Now, the Syrian NGO that organized the workshop in conjunction with the Norwegian Embassy in Beirut. “We want everybody to see that children can overcome the war… If they don’t have the voice, they have the color for everyone to see what they have seen,” he said. For some children, expressing that voice on paper was no easy task. That’s where the Nadja Now center in Shatila comes in. The Palestinian refugee camp in Beirut’s southern suburbs is increasingly becoming home to Syrians fleeing the war. Sitting together in the center, Ali showed me dozens of sketches that were painted over in solid black out of angst. “At first, they were very stressed. They had a lot of shock from Syria, and they had the idea they could never see anything colorful again,” he said. Since the sessions began, however, the children’s spirits seem to have been lifted. Children no longer blacken over their work, and most draw colorful images, including pictures of Syria’s green and rugged landscapes. “It has helped us forget what we saw in Syria,” remarked one young girl of the workshop.

No Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), a criança ou adolescente deve, necessariamente, ter passado por uma situação real que impõem ameaça à sua vida ou à sua integridade física, provocando uma resposta de medo, desespero, impotência ou terror.

Quando uma criança é confrontada com uma situação extremamente amedrontadora ou que envolva risco de vida é normal que ela fique mais chorosa e apegada às figuras de vinculação, porém se essa situação traumática for extrema, ela pode evoluir para um quadro sintomático do TEPT caracterizado pela revivência persistente do evento (recordações e sonhos), esquiva de estímulos que lembrem o trauma, responsividade diminuída ao mundo externo e sintomas persistentes de ansiedade e excitação aumentada5,29.

Rape of the Sabine Women: Picasso’s conception of war focused on the suffering of the victims, in particular of women and children. He simplifies the paintings in order to concentrate on the brutality of death by the sword. The soldiers, their weapons and their horses are enlarged and are given prominence as a symbolic representation of the power of the armies of the state over individuals. The soldiers’ footsteps on the chest of an infant and the anguish of the mother are shown through the deformity of their helpless poses.
Rape of the Sabine Women: Picasso’s conception of war focused on the suffering of the victims, in particular of women and children. He simplifies the paintings in order to concentrate on the brutality of death by the sword. The soldiers, their weapons and their horses are enlarged and are given prominence as a symbolic representation of the power of the armies of the state over individuals. The soldiers’ footsteps on the chest of an infant and the anguish of the mother are shown through the deformity of their helpless poses.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

This December, in a surprisingly simple yet ridiculously amazing installation for the Queensland Gallery of Modern Ar, artist Yayoi Kusama constructed a large domestic environment, painting every wall, chair, table, piano, and household decoration a brilliant white, effectively serving as a giant white canvas. Over the course of two weeks, the museum’s smallest visitors were given thousands upon thousands of colored dot stickers and were invited to collaborate in the transformation of the space, turning the house into a vibrantly mottled explosion of color. How great is this? Given the opportunity my son could probably cover the entire piano alone in about fifteen minutes. The installation, entitled The Obliteration Room, is part of Kusama’s Look Now, See Forever exhibition that runs through March 12.
This December, in a surprisingly simple yet ridiculously amazing installation for the Queensland Gallery of Modern Ar, artist Yayoi Kusama constructed a large domestic environment, painting every wall, chair, table, piano, and household decoration a brilliant white, effectively serving as a giant white canvas. Over the course of two weeks, the museum’s smallest visitors were given thousands upon thousands of colored dot stickers and were invited to collaborate in the transformation of the space, turning the house into a vibrantly mottled explosion of color. How great is this? Given the opportunity my son could probably cover the entire piano alone in about fifteen minutes. The installation, entitled The Obliteration Room, is part of Kusama’s Look Now, See Forever exhibition that runs through March 12.

 

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) caracteriza-se pela ocorrência primária de obsessões e/ou compulsões que causem desconforto ou interfiram na vida da pessoa5. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens mentais recorrentes, intrusivos e desagradáveis, reconhecidos como próprios e causadores de ansiedade, seu conteúdo não faz sentido ou é inapropriado ou absurdo. Os jovens com TOC, frequentemente, tentam suprir, neutralizar ou ignorar os pensamentos obsessivos por meio de compulsões2.

As compulsões são comportamentos ou atividades mentais repetitivos que têm como objetivo prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento que muitas vezes acompanha as obsessões ou para evitar algum evento ou situação temida. Geralmente, são realizadas de acordo com determinadas regras ou de forma estereotipada, aparecem como comportamentos repetitivos observáveis (lavar as mãos) ou atos mentais “cobertos” (contagem mental)5.

Os sintomas e os critérios diagnósticos do TOC na criança são muito similares ao do adulto, porém existe uma menor ênfase no insight sobre a irracionalidade dos seus sintomas nas crianças. Na infância, encontramos obsessões relacionadas a catástrofes familiares, de acumulação, de contaminação, de preocupações sexuais, somáticas e religiosas; as principais compulsões são de lavagem, repetição, checagem ou verificação, ordem, contagem, de acumulação e de toque30.

 

Yayoi Kusama
Kusama’s creations are a direct result of her precarious psychological state, an illness the artist refers to ‘obsessional neurosis.’ She began having hallucinations as a child and currently lives out of choice in a psychiatric ward in her native country. The artist herself has said of her work – “It arises from a deep, driving compulsion to realise in visible form the repetitive image inside of me.”

O TOC na infância é caracterizado por um curso crônico, mas flutuante e apresentando um risco aumentado para uma posterior morbidade psiquiátrica e psicossocial, geralmente associado a significativos danos e dificuldades no funcionamento social, familiar, acadêmico e vocacional. Em casos mais severos, os sintomas do TOC podem interferir na habilidade da criança de iniciar e manter amizades e prejudicar os esforços do adolescente em desenvolver um relacionamento íntimo31.

 

Tratamento

Na avaliação de uma criança ou adolescente com queixas de ansiedade é sempre muito importante avaliar o início e o desenvolvimento dos sintomas de ansiedade, a existência de precipitantes para o início dos sintomas, história médica, história na escola, história familiar de ansiedade e de transtornos psiquiátricos, fatores desenvolvimentais, história de tratamentos prévios, dentre outros.

Paul as Harlequim, by PicassoDiversas abordagens podem ser utilizadas no tratamento dos transtornos de ansiedade na infância e adolescência tais como: psicoeducação, psicoterapia cognitivo-comportamental, psicoterapia psicodinâmica, intervenções familiares e intervenções psicofarmacológicas.

Dentre os tratamentos farmacológicos, diversas classes de medicamentos têm sido utilizadas, porém a primeira escolha recai sobre os inibidores da recaptação de serotonina. Tais medicações são originalmente classificadas como antidepressivos e são utilizadas no tratamento da depressão tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes.

A TCC, provavelmente, é o tratamento de escolha para os casos de transtornos de ansiedade de leve a moderada intensidade na infância e na adolescência. Em casos mais graves, ou quando não se tem acesso à TCC, a escolha deveria recair sobre o tratamento farmacológico com um ISRS. Em casos muito graves, às vezes, é necessário iniciar a medicação em um primeiro momento e, depois, instituir o tratamento psicoterápico. Outros componentes fundamentais no tratamento são a educação da família e do paciente a respeito da doença, a comunicação regular com a escola e o adequado diagnóstico e tratamento dos transtornos psiquiátricos associados.

Quando não tratados, os transtornos de ansiedade tendem a ter um curso crônico, com persistência dos sintomas na vida adulta. Os transtornos de ansiedade na infância estão associados a maiores taxas de psicopatologia na adolescência e na vida adulta como comorbidade com depressão32 e abuso de substância33. As consequências na vida adulta podem ser drásticas quando há falta de um tratamento efetivo34. Por isso, fazem-se necessárias intervenções precoces, efetivas e de fácil acesso35.

 

 

Elizeth Heldt-Enfermeira psiquiátrica, professora adjunta da Escola de Enfermagem da UFRGS, mestre e doutora em Psiquiatria pela UFRGS.

Luciano Isolan-Médico psiquiatra, psiquiatra da infância e adolescência, mestre e doutorando em Psiquiatria pela UFRGS.

Maria Augusta Mansur –Psicóloga, especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, mestranda em Psiquiatria pela UFRGS.

Rafaela Behs Jarros-Psicóloga, mestranda em Psiquiatria pela UFRGS.

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8 thoughts on “ANSIEDADE, MEDOS E PREOCUPAÇÕES: TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. Por Elizeth Heldt, Luciano Isolan, Maria Augusta Mansur e Rafaela Behs Jarros

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