Será que você tem enxaqueca?-por Elisabete Castelon Konkieiwtz

Quase todos nós já tivemos cefaleia (dor de cabeça), ao menos uma vez na vida. Entretanto, há muitas pessoas que sofrem com cefaleias crônicas, ou seja, elas têm dor de cabeça por meses e quase todos os dias. A causa mais comum é a cefaleia do tipo tensional, que se apresenta com dor na região da testa e/ou da nuca, em peso, ou em aperto, como se houvesse uma faixa amarrada, ou um capacete sobre a cabeça. A dor geralmente é diária, com piora vespertina e de média intensidade. Esta não é a enxaqueca.
A enxaqueca, ou migrânea, é uma dor de intensidade progressiva, que se torna intensa, em caráter pulsátil e acompanhada de outros sintomas, como náuseas, vômitos, intolerância à luz, a ruído, ou a cheiros. A frequência é variável. Alguns pacientes têm crises semanais, que os deixam acamados. Além disso, quando o pico de dor se exaure, pode ainda permanecer por horas e até dias uma cefaleia residual, de menor intensidade, ainda assim motivo de desconforto. Antes da crise, os pacientes podem ter por várias horas uma fase prolongada de sonolência, ou irritabilidade, ou mal estar. Minutos antes do início da dor, algumas pessoas apresentam prejuízos de função do sistema nervoso, com alterações visuais (visualizam linhas luminosas e trêmulas de um lado do campo visual), ou formigamento, perda de força de um lado do corpo, ou até mesmo, déficit de linguagem. Estes sintomas são denominados aura e normalmente remitem em menos de uma hora, infelizmente prenunciando a dor.
Em alguns casos, as crises de enxaqueca são causadas por alimentos, ou bebidas, sendo os mais típicos álcool, condimentos, gordura e açúcar. Podem também ser causadas por atividade física, exposição ao sol, jejum prolongado, uso de transporte, fase do ciclo menstrual, dentre outros fatores. Todavia, a associação mais frequente e praticamente universal se dá com o estresse. Pessoas com enxaqueca são em sua grande maioria ansiosas, preocupadas e frequentemente estão enfrentando desafios, ou sentindo-se sob pressão. Muito frequentemente seu humor está deprimido.
A enxaqueca tem um componente genético, de modo que muitos pacientes relatam ter familiares acometidos. Ela não escolhe sexo, nem idade, embora seja mais comum em mulheres. Há muitas crianças com enxaqueca, que pode também se manifestar com vertigem e desconforto abdominal.
O tratamento da enxaqueca se inicia com o seu diagnóstico, de forma que um médico especialista deve ser consultado. É preciso que inúmeras outras causas de dor de cabeça, como tumores, infecções, alterações vasculares, etc. sejam seguramente excluídas. Concluída esta etapa, o médico irá orientar o paciente de forma individualizada em relação aos hábitos de vida, às formas de prevenir as crises e à conduta diante de uma crise que se anuncia.
O tratamento é de longo prazo, mas vale a pena, porque a enxaqueca, embora não seja perigosa, pode paralisar a vida da pessoa e ser causa de muito sofrimento. A tentativa de dar conta do problema sozinho com uso de analgésicos pode piorar a situação, prejudicando outros órgãos como os rins, o fígado e o estômago e até levando à cefaleia associada à medicação, um quadro de difícil controle.