O que é Aprendizagem Investigativa?
Larissa Eletherio e Glaucio Aranha

Na atualidade, está claro que não basta dominar o conteúdo conceitual para promover uma aprendizagem satisfatória. É preciso viabilizar aos alunos meios que dialoguem com seu paradigma ao mesmo tempo em que se trabalha prescrições curriculares nacionais de competências a serem desenvolvidas. Isso significa trabalhar o componente curricular como produto e, simultaneamente, como processo. Uma escola onde o professor é o mediador do conhecimento, como proposto na metodologia investigativa para a aprendizagem, valorizando o conhecimento que o aluno trás do seu cotidiano, instigando-o a desenvolver suas próprias perguntas e a pesquisar, é uma instituição comprometida com a inovação e a motivação.
Não que as demais metodologias não tenham igualmente seus méritos, mas o uso conjunto de metodologias investigativa contribui para a autonomia do aluno, a prospecção de caminhos futuros e a criticidade.
O ensino por investigação é uma ferramenta de ensino que atende às Diretrizes Curriculares da educação básica para o ensino. É baseada na problematização, elaboração e teste de hipóteses, seja por meio da pesquisa, seja por meio da experimentação. Vale destacar que pode ou não envolver atividades experimentais. A metodologia investigativa auxilia o desenvolvimento do senso crítico do aluno e ajuda a construir para a formação de um cidadão mais reflexivo e analítico em relação ao senso comum da sociedade em que vive. O hábito de fazer perguntas e buscar métodos racionais de buscar respostas é importantíssimo para afastar o ‘pensamento único’, a adesão irrefletida às ‘fake news’, ao mesmo tempo em que promove a abertura do sujeito para pensar em uma perspectiva atenta à pluralidade cultural e diversidade social.
Segundo Gil e Catro (1996), o papel das atividades investigativas na construção do conhecimento se dá ao: 1) apresentar situações problemáticas abertas; 2) favorecer a reflexão; 3) potencializar análises qualitativas significativas; 4) considerar a elaboração de hipóteses; e 5) considerar as análises com atenção nos resultados.
Por vezes, a aplicação dessa metodologia demanda mais tempo e atenção, o que pode deixar alguns profissionais da educação receosos, pois existe muito conteúdo para ser abordado durante o ano letivo. No entanto, estudos mostram a metodologia investigativa pode ser usada pontualmente como uma proposta de atividade diante de uma diversidade de estratégias, recursos pedagógicos e tecnológicos no ensino.
A Redeneuro oferece periodicamente cursos gratuitos de capacitação de professores para o uso da aprendizagem por investigação em sala de aula. Um deles é o workshop “Introdução ao Método Científico para a Aprendizagem Investigativa (IMCAI). Ele é ministrado remotamente, no período de uma semana, tendo como público alvo professores do ensino básico e licenciandos. Os períodos de inscrições são divulgados no site http://cienciasecognicao.org/redeneuro e nas redes sociais do projeto (Instagram: @redeneuro_ufrj e Facebook: @redeneuro).
A aprendizagem investigativa, em particular, contribui para despertar o interesse no aluno pelo aprender. Os experimentos estimulam o raciocínio, o desenvolvendo do senso crítico e a motivação, promovendo o engajamento e o desejo pelo conhecimento. Assim, O aluno se torna protagonista e não um mero espectador, tornando as aulas mais atrativas e motivadoras.

Uma das principais diferenças está em colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, como protagonista. Para tanto, algumas estratégias são necessárias:
- realizar observações em relação ao objeto investigado, alinhando-o com o paradigma sociale cultural do aluno;
- colocar questões que possam impulsionar o processo investigativo e ser solucionadas durante o tempo de duração regular da disciplina, curso etc.;
- incentivar a pesquisa em variadas livros, sites, entrevistas etc. orientando sempre para os aspectos éticos e de confiabilidade da fonte;
- construir com os alunos um planejamento das etapas das investigações;
- fazer uma revisão do que já se sabe sobre a experiência e fornecer os alicerces necessários para que eles construam suas hipóteses e percursos;
- utilizar ferramentas para analisar e interpretar dados;
- conduzir juntamente com os alunos a aplicação do método científico (exploração da pergunta, das hipóteses, coleta e análise de dados);
- planejar algum modo de comunicação dos resultados (feira de ciências na escola, exibição em áreas comuns da escola etc.).
O ensino por investigação pressupõem o envolvimento dos alunos com o método científico, valorizando as evidências na busca de respostas para a pergunta que guia o projeto desenvolvido com a supervisão do professor ou de um conjunto de professores. Neste caso, referimo-nos aos projetos interdisciplinares em que são alinhados dois ou mais professores promovendo um crossover entre suas disciplinas. A investigação deverá ter por finalidade o uso de métodos rumo à descoberta de evidências para desenvolver e explicar o conteúdo, contextualizando o conhecimento e mostrando aos alunos, de forma mais concreta, que a sala é um espaço de produção e circulação de saberes.
Referências
- AZEVEDO, M. C. P. S. de. Ensino por Investigação: Problematizando as atividades em sala de aula. In: Carvalho, A. M. P. de (org); NASCIMENTO,V. B. do; CAPECCHI, M. C. de M. ; VANNUCHI, A. I., CASTRO,R. S. de; PIETROCOLA, M.; VIANNA, D. M. ; ARAÚJO, R. S. Ensino de Ciências: Unindo a pesquisa e a prática. São Paulo-SP: Cecange Learning, 2009.
- Boneti, P. Bohm, F. Z. A metodologia investigativa como ferramenta para propor experimentos científicos. PDE Artigos. Versão Online. ISBN 978-85-8015-080-3. Cadernos PDE, 2014
- GIL PEREZ, D. VALDES CASTRO, P. La orientación de las practices de laboratorio como invetigagación: un ejemplo ilustrativo. Enseñanza de las ciencias, 14 (2), 1996.
- Liliane Oliveira de Brito, Elton Casado Fireman. Ensino de Ciências por investigação: uma proposta didática ‘para além’ de conteúdos conceituais. Experiências em Ensino de Ciências V.13, No.5, 2018.
- Bassoli, Fernanda. Atividades práticas e o ensino-aprendizagem de Ciência (s): Mitos, tendências e distorções. Ciênc. Educ. Bauru. v.20. n. 3 p. 579,2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v20n3/1516-7313-ciedu-20-03-0579.pdf
Texto simples, conciso e científico. Essa Larissa vai longe. Parabéns para equipe.