No dia 06/12, às 17:00, foi realizado o último encontro de 2021, do grupo de pesquisa Neuroeduc – Neurociências Aplicadas à Educação, de Ciências e Cognição. Neste encontro, houve uma discussão do grupo em relação ao texto “Cultura Mente e Educação”, de Jerome Bruner.
A reunião foi aberta ao público. A participação como ouvinte na reunião do grupo de pesquisa é permitida, mas não há emissão de certificado ou congênere. A plataforma usada é a Jitsi, não havendo necessidade de baixar qualquer programa (salvo para quem for assistir pelo celular, neste caso deve-se acessar o link com antecedência para baixar o aplicativo).
As reuniões são gravadas e poderão ser disponibilizadas integral ou parcialmente nas mídias e produções de Ciências e Cognição. Todos que desejem participar da reunião ficam cientes e concordantes de que suas imagens ou nomes, se exibidos durante o evento (em perguntas, intervenções, mosaico de participantes etc.) integrarão o registro audiovisual da reunião, autorizando o uso e a exibição da imagem contida no registro do vídeo.
Para acessar uma cópia dos textos, o link da reunião, o calendário de reuniões e mais informações, acessar do grupo de pesquisa em: http://www.cienciasecognicao.org/portal/?page_id=66. Vale destacar que se trata de um grupo de discussões, sendo aconselhável a leitura preliminar do texto, tendo em vista que não se trata de uma palestra/conferência sobre os textos, mas uma discussão sobre ele.
Não é necessária a realização de inscrição prévia e não há emissão de certificado.
Transcrição de observações feitas durante o encontro:
Duas concepções da mente:
- como dispositivo computacional (visão computacional) – Questão central: como a mente funciona e como poderia ser aperfeiçoada pela educação
- como produto constituído e realizado no uso da cultura (visão culturalista)
Visão computacional
- Foco no processamento da informação;
- considera as informações como base da mente, que é definido em relação a um código pré-existente e regrado (linguagem)
- podemos pensar esse foco na “programação” em termos educacionais como uma relação com aspectos atencionais, interpretativos.
- Questão: até que ponto o modelo computacional oferece uma noção suficientemente adequada do funcionamento da mente?
- A mera existência de dispositivos computacionais pode mudar as nossas visões sobre como a mente funciona.
Visão culturalista
- Foco no processamento da informação;
- Pressuposto: a mente não pode existir sem a cultura;
- a “realidade” é representada por um simbolismo compartilhado socioculturalmente;
- cultura “superorgânica”;
- sua expressão é inerente à “criação de significados”
- criação de significados envolve encontrar-se com o mundo, contextos culturais
- língua/linguagem
- posicionamento cultural define a sua negociabilidade e comunicabilidade
- o importante é que os significados proporcionam a base para as trocas culturais
- criação de significados envolve encontrar-se com o mundo, contextos culturais
- o “saber” e o “comunicar” são interdependentes
- ninguém constrói significados fora dos sistemas simbólicos da cultura
- aprendizagem e pensamento estão sempre situações em cenários culturais
- “Realidade” > percebida pela simbolização > texto cultural > negociabilidade e comunicabilidade dos significados
Diferenças e similaridades
Objetivo
- Computacional –
- criar uma redescrição formal de sistemas de funcionamento do fluxo de informações bem formadas.
- defende que todos os sistemas são governados por regras ou procedimentos específicos.
- Culturalista
- a produção de significados é de cunho hermenêutico, buscando a interpretação.
- seu modelo é a interpretação textual
- semiótica da cultura > semântica
- ao interpretar, o significado de uma parte depende de uma hipóteses sobre os significados do todo, cujo significado, por sua vez, baseia-se no juízo do indivíduo sobre os significados das partes.
- circularidade
- criação de significados hermenêutica (interpretação de textos)
- processamento de informações bem formado
- Linguagem – “já que grande parte da criação de significados a envolve”
- Existe uma relação complementar entre o que o computacionalista está tentando explicar e o que o culturalista está tentando interpretar.
- a produção de significados é de cunho hermenêutico, buscando a interpretação.
- Teoria da Mente
- Teorias da Mente com foco na educação compreendem não apenas recursos instrumentais (como “ferramentas” mentais), mas cenários ou condições necessárias para operações efetivas.
- A especificação de recursos e ocorrendo no sentido computacional. cenários indica o tipo de mundo necessário para possibilitar o uso da mente: sistemas de símbolos, narrativas do passado, artes e ciências, dentre outros.
- computacionalismo – rica descrição ou protocolos do que realmente ocorre quando alguém se propõe a resolver um determinado problema ou aprender um certo corpo de conhecimento. Ela busca fazer uma nova descrição do que foi observado em termos computacionais estritos.
- Essa abordagem pergunta o que poderia ocorrer no sentido computacional em dispositivos que operem desta forma, por exemplo, como a “mente” do sujeito. A partir daí busca reformular um plano de como é possível ajudar um educando desse tipo.
- Todos os programas computacionais “adaptativos” complexos envolvem redescrever o resultado de operações prévias para reduzir a sua complexidade e aumentar o seu grau de “encaixe” com um critério de adaptação. É isso que significa adaptativo: reduzir complexidades para alcançar maior “encaixe” com um critério.
- A regra da redescrição é uma característica de toda a computação “adaptativa” complexa, mas, no presente momento, também é um fenômeno psicológico genuinamente interessante.
- A abordagem do computacionalismo à educação parece assumir 3 formas:
- reformular velhas teorias da aprendizagem;
- analisar protocolos ricos e aplicar o aparato da teoria computacional a eles para discernir o que pode estar ocorrendo no sentido computacional;
- tentar descobrir como é possível contribuir para o processo.
- A abordagem do culturalismo aborda a educação:
- analisar a função da “educação” na cultura – como reflete a distribuição de poder, status e outros benefícios;
- indagar a respeito dos recursos