Meu filho é superdotado!!!!!!!!! O que eu faço agora????? NECESSIDADES SOCIO-EMOCIONAIS DA CRIANÇA COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO- por ÂNGELA M. RODRIGUES VIRGOLIM Universidade de Brasília

 Gerrit_van_Honthorst_-_Childhood_of_Christ_-
Gerrit_van_Honthorst_-_Childhood_of_Christ_-

Fale, e eu esquecerei; ensine-me, e eu poderei lembrar; envolva-me, e eu aprenderei.
(Benjamin Franklin)

CASO

Cara Dra. Angela,

Preciso de orientação a respeito do meu filho, Daniel, que tem 4 anos e 5 meses de idade. Há algum tempo venho me preocupando com ele e, agora que li alguns dos seus textos pela internet, desconfio que ele pode ter altas habilidades.

Daniel sempre me surpreendeu positivamente. Com mais ou menos 1 ano e meio já se comunicava oralmente com facilidade e todos achavam “o máximo” como falava bem para a idade. Ele entrou para o Maternal 1 com 2 anos e meio, e seu vocabulário aumentou rapidamente. Com três anos começou uma fase intrigante: o das perguntas. Eu adorava seus questionamentos, mas eram tantos e tão intensos, que às vezes me sentia sufocada.

Afetivamente, despontava um menino por vezes bem humorado, outras vezes intolerante e “azedo” (o que ele mesmo, agora com 4 anos e meio, intitula “um momento em que quero um espaço meu”), ele também é um espoleta.

Na escola, começaram os comentários do tipo:

– Oi mãezinha, o Daniel quase não me deixou contar a história hoje… ele perguntou tanto!

– Ah! Ele sabe tantas histórias e se contamos de forma diferente, ele discorda, contesta… diz que não sabemos a história!

– Nossa! Ele quase não deixa os outros falarem! Só ele pode falar, participar!

– Ele pergunta demais!!!!

Após algumas semanas o discurso da professora já havia mudado:

– Olha, o Daniel não quer fazer as atividades, já coloquei ele ao lado da coleguinha que pinta melhor, mas ele não quer. Todos fazem, só ele não!

Neste episódio, fiquei muito triste. Junto à professora, perguntei ao Dani:

– Por que você não faz as tarefinhas?

Ele respondeu sem pudor:

– Porque não gosto de pintar e aqui a gente só faz isso! Eu não quero!! Quero saber porque o foguete voa… porque os dinossauros morreram…

Daí em diante o Daniel chegava triste da escola, não contava nada do que tinha feito, só falava que os amiguinhos o chamavam de chato.

O ano acabou e troquei ele de escola e o levei em uma psicóloga para ser avaliado. Confesso que ela não ajudou muito, me disse coisas que eu já sabia, outras que me deixaram mais confusa:

– O Daniel é muito inteligente, pega tudo rapidinho, não tem dificuldade de aprendizagem, pelo contrário, adora aprender coisas novas. Mas tem dificuldade para aceitar regras, contesta tudo… e as coisas que proponho, ele só quer fazer se for do jeito dele. Vou trabalhar para diminuir sua ansiedade e para que ele obedeça as regras. E você em casa, procure não o estimular muito. Não dê brinquedos pedagógicos, nem deixe ele brincar no computador. Ele já é assim, e se você der corda…

Mas logo descobri que não há como segurar o seu desenvolvimento. Daniel continua falador… tem cada termo! Ele disse para mim: “Mãe, você é tão aconchegante…” Adora histórias: conta, inventa, quer que leiamos vários livros para ele, um após o outro, os quais escuta atentamente. Tem uma imaginação maravilhosa. Aprendeu a escrever seu nome e faz associações do tipo: “”porco começa com PO, mas como é PO?”

Há várias semanas, inventou uma tal “experiência”: entra no banheiro com bacia, peneira, garrafa pet vazia, mistura shampoo, condicionador, água e papéis de várias cores para ver o que acontece. Quando sai de lá diz: “Olha a minha EXPERIÊNCIA!!”. Além disso tem consciência ecológica. Desde as últimas eleições, quando viu milhares de panfletos de propaganda política no chão, adotou um discurso diário: “Mãe! Olha o tanto de lixo no planeta terra! Estão destruindo o planeta Terra!!”

Agora o Dani está em outra escola, que adora. Lá tem mais flexibilidade e a turma é pequena. A professora na reunião de pais me disse: “O Daniel executa todas as tarefas, apesar de questionar a finalidade de algumas delas, como: “o que vou aprender fazendo bolinhas de papel crepom?” Participa intensamente, é questionador, inclusive das regras, tem dificuldade para aceitar regras. Se não for muito bem explicado, o porquê de ser assim e não assado, ele não aceita”.

Nesta hora acendeu uma luz amarela no meu coração – medo de tudo se repetir! – mas me contive e continuei calada. Já se passaram alguns dias da reunião, vi com bons olhos o relato da professora, mas preciso fazer algo a mais para compreender e para que compreendam melhor o Dani…

A professora me disse:

– Cantamos a música “o sapo não lava o pé” com as crianças, todos adoraram… e perguntei: Porque o sapo não lava os pés? O Daniel levantou a mão e respondeu: “- Eu sei, é porque estão poluindo o planeta Terra… as pessoas estão poluindo os rios, as águas, e o sapo, que não é bobo, não vai querer lavar os pés em água suja, né!”

Ela ainda acrescentou: “Ele é muito inteligente!!!”

Dra. Angela, diante deste resumo, eu lhe pergunto: Meu pequeno é realmente uma criança especial, como diz meu coração? Os professores necessitam saber disso oficialmente para subsidiar seu trabalho e ajudá-los a compreendê-lo melhor? Meu sexto sentido me diz que a psicóloga que o está atendendo tem dúvidas sobre como interpretar as características do Daniel. Numa das poucas vezes que conversamos, ela me disse: “Afetivamente ele demonstra estar com 4 anos e meio, em alguns aspectos cognitivos demonstra estar além desta idade; é super criativo, mas é pouco persistente, e quando lanço desafios, ele “pula fora”, parece que tem medo de errar… por exemplo, ele diz que gosta de xadrez, mas quer inventar novas regras para ganhar o jogo!”

Mas me diga, Dra. Angela, meu filho tem que ser 100% em tudo?

Ajude-me, por favor! É um pedido de uma mãe que ama muito seu filho e quer vê-lo feliz”

Esta carta, enviada por e-mail há uns dois anos, é de uma mãe, professora da rede pública no DF, e desde então mantemos uma correspondência fiel, onde acompanho o desenvolvimento e as gracinhas desta criança maravilhosa. O Dani está crescendo super criativo – e a cada nova grande invenção recebo uma série de fotos mostrando um rostinho sorridente em pleno ato de criar, de imaginar, de se completar. Ele está sendo atendido em uma sala de recursos, onde criar é a ordem do dia, e tem toda a liberdade para planejar e executar projetos de sua área de interesse.  Em casa, a mãe e o vovô dão toda a corda para sua imaginação, e os materiais que necessita para concretizar sua inspiração. Às vezes Dani fica nervoso por não conseguir um resultado perfeito. A intensidade de suas ações e a sensibilidade para com os sentimentos dos outros parecem crescer a cada dia; no entanto, o ambiente familiar é receptivo e respeitoso para com suas necessidades especiais. São estas necessidades que fazem com que a criança tenha uma verdadeira obsessão por aquilo que gosta e se interessa; que a impulsionam para conseguir extrair do ambiente aquilo que precisa; e que a mantêm em um nível de desenvolvimento cognitivo superior aos dos pares de mesma idade. A história do Dani é inspiradora. E exatamente por ser real, e por ser tão parecida com a de outras crianças que conhecemos, sem nada de extravagante, raro ou extremamente excepcional, é que vale a pena contá-la aqui. E mostrar para pais e professores que estas crianças estão ao nosso redor, em toda a parte, esperando ser reconhecidas, estimuladas e propriamente desenvolvidas. Está em nossas mãos proporcionar a elas a oportunidade de desenvolver seu potencial em toda sua extensão. Para isso precisamos reconhecê-las, entendê-las e saber prover suas necessidades sócio-emocionais tão especiais. Espero que este texto atinja este objetivo.

Introdução

A maioria dos profissionais em nossa sociedade, assim como o público leigo em geral, apresenta dúvidas, concepções equivocadas e estereótipos a respeito da pessoa superdotada. Apesar de ser um tema pesquisado há décadas em vários países, como nos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Israel, no Brasil as pesquisas ainda são tímidas e incipientes. Quando a criança apresenta altas habilidades/superdotação, pais e educadores se deparam com vários problemas e desafios, para os quais muitas vezes não há respostas prontas. No entanto, há uma rica literatura mundial na área que precisa ser apropriada, discutida e tornada mais acessível no âmbito da sociedade como um todo. Precisamos conhecer mais a realidade da criança brasileira com altas habilidades, as dúvidas e receios de seus pais, familiares e professores, assim como os anseios da sociedade que ainda não se conscientizou da riqueza representada por este capital social que poderá ser revertido para o bem do país. Enfim, tratar do tema das altas habilidades envolve um olhar mais complexo e sistêmico, envolvendo, por um lado, a cultura em que a criança está inserida, com tudo aquilo que a sociedade valoriza e se identifica; a família imediata que cerca a pessoa com altas habilidades, em sua teia de inter-relações e conexões; e o próprio indivíduo, com suas potencialidades, seus interesses e suas particularidades afetivas e emocionais. A par desta junção de possibilidades que concorrem para o desenvolvimento de comportamentos de superdotação, este capítulo irá destacar o sistema social e afetivo da criança ou jovem superdotado, naqueles aspectos que possam esclarecer o intrincado desenvolvimento emocional vivido por estes sujeitos no decurso de seu desenvolvimento. Antes, no entanto, vamos esclarecer os conceitos e terminologias existentes na área, de forma a compreender este fenômeno em toda sua riqueza e profundidade.

Geoffrey Rush em cena de SHINE, O BRILHANTE-um filme australiano de 1996, do gênero drama, dirigido por Scott Hicks e com roteiro que retrata a vida do pianista David Helfgott.
Geoffrey Rush em cena de SHINE, O BRILHANTE-um filme australiano de 1996, do gênero drama, dirigido por Scott Hicks e com roteiro que retrata a vida do pianista David Helfgott.

Conceitos

Quando falamos de superdotação, as pessoas em geral fazem logo uma representação mental do que este termo possa significar para elas. Mais comumente, o prefixo “super” leva à primeira idéia equivocada com que freqüentemente nos deparamos: a criança superdotada é um ser raro, com habilidades extremas e diferenciadas do restante da população, um prodígio que aqui e ali a televisão e o Jornal Nacional prenunciam. Assim foi com aquele garotinho de oito anos, João Victor Portelinha de Oliveira, que cursava o quinto ano do ensino fundamental, em Goiânia, quando foi aprovado no vestibular para o curso de Direito da Universidade Paulista. Ou com o menino mexicano de 6 anos, Maximiliano Arellano, que fez uma palestra de 45 minutos sobre Osteoporose, na Universidade Autônoma do México, para médicos; para alcançar o púlpito, a criança precisou subir em um banquinho. Mais excepcional ainda foi o americano Gregory Robert Smith, que começou a falar aos 2 meses de idade; com um ano e dois meses era capaz de nomear todos os tipos de dinossauros que já existiram e de resolver problemas simples de álgebra; já aos 2 anos lia e corrigia a gramática de adultos. Acelerado nos estudos, Gregory terminou o Ensino Fundamental e o Médio em apenas cinco anos; aos 13 anos graduava-se suma cum laude em Matemática na Randolph-Macon College, na Virginia e aos 16 anos recebia o título de Mestre em Matemática. Em entrevistas, revelou que pretende obter seu PhD em quatro diferentes áreas: matemática, engenharia aeroespacial, ciência política e engenharia biomédica. Este garoto concorreu por quatro anos consecutivos ao Prêmio Nobel da Paz por suas ações dedicadas à defesa de jovens e crianças carentes e à paz mundial.[1]

Estes e outros casos do gênero assustam, pois ultrapassam nossa compreensão e capacidade de explicarmos como e porque as coisas funcionam; neste caso, florescem perguntas do tipo: como funciona a mente de uma criança prodígio? Quais capacidades seriam inatas e quais podem ser adquiridas em um ambiente estimulador? Como explicar o desenvolvimento atípico, excepcional, fora dos trilhos?

No caso da criança prodígio, há pouco o que se explicar. Este termo se aplica àquelas crianças que apresentam um alto desempenho, ao nível de um profissional adulto, em algum campo cognitivo específico[2]. O fenômeno do prodígio é único, infreqüente, improvável e de rara ocorrência na espécie humana. Aliada à tendência altamente específica do indivíduo de se engajar profundamente na área em que apresenta precocidade, ocorre também uma receptividade ambiental bastante específica, resultando em uma convergência de um número de circunstâncias únicas que vão permitir uma completa e especializada expressão deste poderoso potencial. Por isso é que a mídia destaca tanto estes casos, embora para o público em geral estes pareçam ser as genuínas ocorrências da superdotação.

Mas não é assim que a comunidade científica que estuda as altas habilidades percebe este fenômeno tão complexo. A habilidade superior, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são gradações de um mesmo fenômeno. Vejamos suas nuances.

Muitas crianças superdotadas são precoces, ou seja, apresentam alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em alguma área do conhecimento, como na música, na matemática, nas artes, na linguagem, nos esportes ou na leitura. Estas crianças progridem mais rápido do que seus pares por demonstrarem maior facilidade em uma área do conhecimento. No entanto, é bom lembrar que nem todos os adultos que se tornaram eminentes foram crianças precoces[3]. Há que se considerar os múltiplos fatores que interferem na trajetória de vida de uma criança precoce que vão além do seu nível de habilidade, como por exemplo, os atributos de personalidade, como a motivação em buscar a excelência; o ambiente familiar propício para o desenvolvimento das habilidades; e as oportunidades que aparecerão no decurso de sua vida. Além disso, a motivação intrínseca, a curiosidade, a criatividade e a vontade de aprender são fatores essenciais para um desempenho superior, mas dependem de um ambiente educacional enriquecido para se desenvolverem. Muitos são os fatores que podem influenciar no aumento ou no desaparecimento deste diferencial, com o passar dos anos.  Sendo assim, apesar da habilidade superior advindo da contribuição genética para a determinação do potencial cognitivo, há que se levar em conta a qualidade do ambiente em que a criança se desenvolve[4].

Já os gênios são um caso totalmente à parte. Embora a mídia tenha banalizado o termo, sugerindo que qualquer criança que leia antes dos quatro anos de idades é um “pequeno gênio”, a comunidade científica prefere resguardar o uso deste termo para descrever apenas aquelas pessoas que deram contribuições originais e de grande valor à humanidade em algum momento do tempo[5]. Os gênios são os grandes realizadores da humanidade que mudaram os paradigmas de um tempo, aqueles cujo conhecimento e capacidades são incrivelmente excepcionais e únicos. Pablo Picasso, Gandhi, Stravinsky, Stephen Hawkins e Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, entre muitos outros, podem ser denominados gênios em seus campos específicos.

No entanto, no nosso dia-a-dia, encontramos diversas crianças ou adolescentes que demonstram sinais ou indicações de habilidade superior em alguma área do conhecimento (não necessariamente muito superior), quando as comparamos com seus pares; que demonstram capacidade de realização criativa; e que apresentam grande envolvimento na realização das atividades de seu interesse[6]. Estas são as que denominamos “pessoas com altas habilidades” ou “superdotadas”. É uma noção equivocada a de que a pessoa deva demonstrar uma habilidade excepcional ou ser “super” para que possa ser identificado com estes termos; assim, para evitar uma rotulação desnecessária, muitos pesquisadores preferem utilizar termos alternativos, como “talento” ou “altas habilidades”. Todos estes termos são úteis quando apontam aos educadores que a escola tem como obrigação oferecer experiências educacionais apropriadas e diferenciadas aos seus alunos, a fim de desenvolver de forma adequada e igualitária suas habilidades, sua criatividade, sua motivação e suas necessidades especiais. Vamos falar a seguir um pouco mais sobre estas necessidades diferenciadas.

As características únicas do superdotado

Como identificar a criança com altas habilidades/superdotação? Os pesquisadores apontam para sinais que aparecem precocemente no desenvolvimento, e que pais e professores atentos podem logo notar. Por exemplo[7]:

n  Preferência do bebê por novos arranjos visuais;

n  Maior tempo de atenção e vigilância, reconhecendo as pessoas que cuidam dela desde cedo;

n  Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar antes do normal;

n  Linguagem adquirida mais cedo, rapidamente progredindo para sentenças complexas, apresentando grande vocabulário e estoque de conhecimento verbal;

n  Aprendizagem rápida, com instrução mínima (pouca ajuda ou estímulo de adultos);

n  Curiosidade intelectual, com elaboração de perguntas em um nível mais avançado e persistência até alcançar a informação desejada;

n  Grande concentração quando estão interessadas em algo e persistência na busca de seus objetivos;

n  Interesses quase obsessivos em áreas específicas, a ponto de se tornarem especialistas nestes domínios;

n  Super-reatividade: reações muito intensas a ruídos, dor e frustração;

n  Alto nível de energia [que pode ser confundido com hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas] – às vezes necessitam de menos horas de sono do que o normal para a idade.

Fonte: Winner, 1996

Outras características vão se apresentando com o decorrer do desenvolvimento, em geral antes da sua ocorrência natural e esperada na faixa etária. Assim, quando a criança entra para a escola, começa a se formar uma distinção entre aqueles que se destacam por sua facilidade acadêmica (denominada de superdotação acadêmica) e aqueles que se destacam por sua criatividade (denominada de superdotação criativa-produtiva)[8]. O quadro a seguir mostra nitidamente a distinção entre estes dois grupos:

 Superdotação acadêmica

Superdotação criativa-produtiva

Tem alto QI e tira notas boas na escola

Não necessariamente apresenta QI superior

Gosta de fazer perguntas

É criativo e original

Aprende com rapidez

Demonstra diversidade de interesses

Tem boa memória

Gosta de brincar com as idéias

Apresenta excelente raciocínio verbal e/ou numérico

É inventivo, constrói novas estruturas

Lê por prazer

Procura novas formas de fazer as coisas

Gosta de livros técnicos/ profissionais

Não gosta da rotina

Apresenta grande vocabulário

Pensa por analogias

Necessita pouca repetição do conteúdo escolar

Usa o humor

Apresenta longos períodos de concentração

Gosta de fantasiar

É perseverante

Não liga para as convenções

Tende a agradar aos professores

É sensível a detalhes

Tendência a gostar do ambiente escolar

Encontra ordem no caos

É um consumidor de conhecimento

É produtor de conhecimento

Fonte: Renzulli & Reis, 1997

luzes da ribalta
Luzes da ribalta
o menino
O menino
tempos modernos
Tempos modernos-Chaplin-um gênio aliando arte, beloeza, lirismo, humor e crítica social mordaz.

 

 

É bom lembrar que, para ser considerada superdotada, a criança não precisa exibir todas estas características. Contudo, se o pai ou professor observa que ela consistentemente mostra muitos destes comportamentos – geralmente agrupados em uma área de interesse mais específica , a possibilidade de que ela apresente altas habilidades é bastante forte. Além disso, a importância da identificação não é simplesmente rotular a criança como sendo ou não superdotada, mesmo porque os pesquisadores contemporâneos não consideram as altas habilidades uma questão de tudo ou nada, de se ter ou não ter. Isto porque o que realmente importa é: (a) identificar precocemente a criança, para que seus talentos sejam melhor desenvolvidos; (b) prover uma educação consistente com suas necessidades cognitivas, afetivas e sociais; e (c) desenvolver seus potenciais para que ela se torne o melhor indivíduo que possa vir a ser, buscando seu equilíbrio sócio-emocional e uma melhor qualidade de vida[9].

Necessidades sócio-afetivas

Quando a criança apresenta um alto nível de desenvolvimento cognitivo, a ponto de se colocar em um patamar diferenciado com relação a seus pares, suas necessidades sociais e afetivas tornam-se diferenciadas também. Pesquisadores têm relatado que, quanto maior o QI (medido por testes psicométricos), maior a possibilidade da criança ou jovem apresentar dificuldades sociais e afetivas em seus relacionamentos[10]. Isto se dá devido à grande sensibilidade que permeia estas pessoas, caracterizando um desenvolvimento “assincrônico”. Este termo aponta para as habilidades cognitivas avançadas que se combinam com a grande intensidade com que estas pessoas vivenciam o mundo, criando experiências internas e um grau de consciência que são qualitativamente diferentes da norma. Esta grande sensibilidade é proveniente da facilidade com que elas acumulam informações e emoções, mas em uma quantidade maior do que ela pode absorver e processar. Como essa excitabilidade pode sofrer grande variação, em um momento ela pode demonstrar um grande avanço emocional, e em outros momentos, grande imaturidade. Desta forma, a criança precisará aprender a aplicar suas capacidades cognitivas na compreensão de seu mundo emocional, de forma a diminuir sua vulnerabilidade e alcançar um desenvolvimento ótimo.

Kafka-um gênio da literatura. "Querido pai, Tu me perguntaste recentemente por que afirmo ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o que te responder, em parte justamente pelo medo que tenho de ti, em parte porque existem tantos detalhes na justificativa desse medo, que eu não poderia reuni- los no ato de falar de modo mais ou menos coerente". Carta ao pai-Franz Kafka
Kafka-um gênio da literatura, uma sensibilidade no limite entre o normal e o insano.
“Querido pai,
Tu me perguntaste recentemente por que afirmo
ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o
que te responder, em parte justamente pelo medo que
tenho de ti, em parte porque existem tantos detalhes
na justificativa desse medo, que eu não poderia reuni-
los no ato de falar de modo mais ou menos coerente”.
Carta ao pai- por Franz Kafka

 

A intensidade emocional do superdotado tem sido estudada por vários pesquisadores, sendo a Teoria da Desintegração Positiva do psiquiatra e psicólogo polonês Kazimierz Dabrowski (1902-1980) a mais discutida pela literatura contemporânea. Esta teoria passou também a ser conhecida por Teoria do Desenvolvimento Emocional, pela ênfase colocada no papel das emoções no desenvolvimento da pessoa com altas habilidades[11]. O ponto principal da teoria diz respeito ao desenvolvimento cognitivo avançado do indivíduo, o qual requer a ruptura das estruturas psicológicas existentes a fim de formar outras estruturas mais desenvolvidas. O conflito interior gera uma grande tensão que impele o indivíduo a níveis mais elevados de funcionamento. Assim, a desintegração positiva se traduz pela passagem do descontentamento com as formas de ser e estar no mundo para uma forma mais altruísta, de maior integridade e maior compaixão. A preocupação com os sentimentos do outro, com outras formas de vida e com o futuro da humanidade são constantemente observados ainda na infância da pessoa superdotada. É a grande complexidade cognitiva que permite a ela assumir o ponto de vista dos outros, a reconhecer injustiças, a criar um forte sistema de valores, e a se tornar mais emocionalmente reativa ao ver comportamentos que violam esse sistema.

Segundo Dabrowski, a criança superdotada já vem ao mundo equipada com um sistema nervoso super-sensível, que a permite assimilar uma quantidade extraordinária de estímulos sensoriais. Esta super-sensibilidade (a que seus tradutores denominam overexcitability) faz a criança superdotada ser bastante perceptiva e sensível, discriminando mais acuradamente os detalhes de um estímulo, o que acaba por torná-la mais analítica e crítica de si mesmo e dos outros. Podemos ver esta grande sensibilidade se manifestar em cinco grandes áreas: a psicomotora; a intelectual; a área da imaginação; a área sensual e a área emocional.

(a) Área psicomotora: Expressa-se pelo excesso orgânico de energia ou excitabilidade elevada do sistema neuromuscular. Pode se manifestar como amor pelo movimento, como velocidade rápida, busca de atividade física intensa, impulsividade, inquietação, pressão para a ação e capacidade para ser ativo e energético. As características mais presentes são: grande energia; expressão forte da vontade; bastante entusiasmo; fala compulsiva e rápida; impulsividade; hábitos nervosos e tiques. Muito freqüentemente a criança ou jovem com grande sensibilidade na área psicomotora não consegue ficar parada no lugar (o que muitas vezes pode levar a confundi-la com hiperativo); sua necessidade gastar a energia acumulada é tão forte que a sala de aula, com suas regras e disciplina, torna-se um local impossível – e ela fará qualquer coisa para ser liberada das tarefas tediosas que impliquem repetição, concentração, disciplina e perseverança. No entanto, veremos esta criança ou jovem se concentrar por longos períodos em sua área específica de interesse e expertise. Esses indivíduos precisam de tempo e espaço para liberar a energia acumulada, a fim de conseguirem se concentrar nas tarefas rotineiras.

(b) Área intelectual: Expressa-se pela atividade intensificada da mente. São crianças ou jovens que gostam de perguntar, descobrir, buscar a verdade, de fazer extensas análises teóricas; gostam de muita leitura, têm facilidade de concentração e se esforçam por conseguir as respostas que necessitam na sua busca por conhecimentos; demonstram preocupação com problemas sociais; são críticos e demonstram senso agudo de observação. Gostam de desafios e sentem-se tentados a resolver problemas complicados e de difícil solução. Sua expressão mais forte – persistência em fazer perguntas instigantes, avidez pelo conhecimento e análise, preocupação com problemas lógicos e teóricos – têm mais a ver como a busca do entendimento e da verdade do que propriamente com a aprendizagem acadêmica e realização escolar, embora às vezes se confundam. Na escola detestam exercícios de memória e repetições, principalmente quando se referem a atividades que já dominam bem. Estas pessoas precisam ser desafiadas o tempo todo, de poder se dedicar a tarefas que exijam um maior esforço mental.

(c) Área imaginativa: São crianças e jovens com uma imensa capacidade de brincar com a imaginação. As principais características são: imaginação vívida; grande sensibilidade; uso freqüente do pensamento mágico; alta criatividade; riqueza de associação de imagens e impressões, inventividade, uso de imagens e metáforas na fala e na escrita; perceptividade; e também medo do desconhecido (apesar de gostar do incomum).  Em geral, os sonhos são vívidos e podem ser contados em detalhes. Viver em um mundo de fantasia, predileção pelos contos mágicos ou de fadas, criações poéticas, companheiros imaginários ou dramatização para escapar do tédio são também observados com grande intensidade. Estas características aparecem muito cedo no desenvolvimento, mas para as crianças com grande sensibilidade imaginativa, o mundo imaginário permeia o real e muitas vezes são vividos como um só. Estas crianças precisam de muito estímulo nesta área, e de um ambiente acolhedor onde sua imaginação pode ser aceita e exercitada.

 (d) Área sensual: Expresso na elevada experiência de prazer sensual e na busca de uma saída sensual para a tensão interna. As principais características destes jovens são o prazer em ver, cheirar, provar, tocar e ouvir; mas podem também apresentar alimentação excessiva, compra compulsiva e masturbação. Expressa-se também no desejo de conforto, luxúria, beleza, no prazer em ser admirado e ser notado e no simples prazer advindo do gosto e do cheiro. Estas características são muito apreciadas nos artistas, que combinam a necessidade de estética e harmonia com os prazeres advindos dos cinco sentidos. Por exemplo, demonstram enorme prazer em comer alimentos cheirosos, com sabores exóticos, dispostos no prato em cores harmoniosas que despertam o paladar. Para eles, o conhecimento deve despertar os sentidos, harmonizando com eles de forma prazerosa.

 (e) Área emocional: A expressão da riqueza emocional destas crianças e jovens se dá pela forte ligação com as pessoas, seres vivos ou lugares; pela grande intensidade de sentimentos e consciência de sua abrangência. As características mais comuns são: forte lembrança afetiva de experiências passadas; preocupação com a morte; intensa solidão; intenso desejo de oferecer amor; preocupação com a justiça; forte senso de certo e errado; identificação com sentimentos dos outros. O grau de diferenciação de sentimentos interpessoais é altíssimo, tornando-se a base da auto-avaliação e do auto-julgamento, aliados ao senso de compaixão e responsabilidade. Esta grande sensibilidade emocional pode levar a sentimentos extremados; a vivenciar intensamente tanto os sentimentos positivos quanto os negativos; inibição (timidez) e excitação (entusiasmo); e medos, ansiedades, baixa auto-estima, que podem resultar em tensão, depressão, culpa e tendência suicida. É importante para essas crianças ter oportunidade de expressar seus sentimentos e compartilhar com seu mundo afetivo com as pessoas ao seu redor. Muitas vezes o simples compartilhamento diminui as ansiedades e o sentimento de ser a única pessoa no mundo a se sentir de tal forma.

A confluência do cognitivo com o afetivo

Edgar Allan Poe- aos 3 anos de idade, órfão de pai e mãe. Precoce, gênio, excêntrico, criativo, mórbido e único. Poe wrote in 1835, "In speaking of my mother you have touched a string to which my heart fully responds. To have known her is to be the object of great interest in my eyes. I myself never knew her — and never knew the affection of a father. Both died . . . within a few weeks of each other. I have many occasional dealings with Adversity — but the want of parental affection has been the heaviest of my trials"
Edgar Allan Poe- aos 3 anos de idade, órfão de pai e mãe. Precoce, gênio, excêntrico, criativo, mórbido e único.
Poe wrote in 1835, “In speaking of my mother you have touched a string to which my heart fully responds. To have known her is to be the object of great interest in my eyes. I myself never knew her — and never knew the affection of a father. Both died . . . within a few weeks of each other. I have many occasional dealings with Adversity — but the want of parental affection has been the heaviest of my trials”

É claro que as crianças superdotadas não apresentam todas as características apontadas na Teoria do Desenvolvimento Emocional; mas algumas delas vão aparecendo e se delineando em uma ou duas áreas, de acordo com a personalidade e o temperamento da criança ou do adolescente. Ao contrário do que muitos pais ou profissionais podem pensar, não se trata aqui de negar a vivência da criança (como no caso de Daniel, em que a psicóloga orientou a mãe a não “dar mais corda” para ele, que “já é assim”). Ao contrário, a criança demonstra uma personalidade forte e bem delineada e fará de tudo para que o mundo marche ao som do seu próprio tambor, ou seja, para conformar o seu mundo à sua realidade[12].

Os pais devem lembrar que uma das características mais marcantes destes meninos e meninas é a “fúria por dominar” um conhecimento ou área de aprendizagem, o que fazem com propriedade e rapidez[13]. Isto significa que a criança está intrinsecamente motivada a dominar uma área do conhecimento no qual demonstra um interesse intenso e obsessivo, campo na qual se focaliza e se concentra tão intensamente, a ponto de perder o senso do mundo exterior. Sendo assim, ao invés de tentar “dobrar a criança”, os pais devem nutrir empatia pela área de interesse do filho, estimulando-o a buscar seus objetivos e instruindo-o para alçar patamares mais elevados, de acordo com sua aptidão e interesse. Isto não quer dizer que os pais devem lotar a agenda da criança com atividades extra-curriculares, impedindo-a até de vivenciar as brincadeiras próprias do seu nível de idade. Os pais devem estar sensíveis ao que ela precisa para expressar seu potencial, mostrar interesse genuíno pelos seus projetos e ajudar como puderem para manter acesa a chama do interesse e da paixão pela área de conhecimento.  Resultados de pesquisa[14] mostram que pais de crianças que se tornaram adultos eminentes mostravam as seguintes características: (a) acreditavam na importância do trabalho árduo e ativo, com ênfase na autodisciplina e em dar o melhor de si para se alcançar o objetivo proposto; (b) demonstravam estar orgulhosos das habilidades dos filhos e de suas realizações, inclusive mostrando interesses similares aos deles (como passatempos ou profissões); e (c) ajudavam seus filhos a organizar o tempo, a estabelecer prioridades e a manter altos padrões para que uma tarefa fosse completada. Assim, pais que têm maiores chances de influenciar positivamente no desenvolvimento da inteligência e do potencial de seus filhos são os que: (a) combinam apoio e altas expectativas para com o desempenho dos filhos; (b) encorajam a criança nos seus esforços para aprender novas habilidades; (c) providenciam recursos e oportunidades de aprendizagem além daquelas fornecidas pelo ambiente escolar; e (d) estimulam seus filhos a se engajarem na área de interesse o mais cedo possível, escolhendo o primeiro instrutor/professor com cuidado[15].

Na escola, algumas características apresentadas por estes meninos e meninas podem dificultar o reconhecimento das características de altas habilidades e a identificação da superdotação; assim, é importante que o professor atente para os seguintes perfis[16]:

(a)    Alunos que ficam facilmente cansados e entediados com o trabalho rotineiro da sala de aula. Alguns podem reclamar freqüentemente em alto e bom som. Outros podem se conformar e nada dizer.

(b)   Alunos que podem trabalhar intensamente em uma área ou matéria, negligenciando o dever de casa e trabalho de sala de aula em outras áreas ou matérias.

(c)    Alunos que podem usar seu vocabulário avançado como retaliação contra aqueles não são tão bem-dotados verbalmente.

(d)   Alunos que podem ficar tão entusiasmados com uma área ou tópico de discussão que monopolizam a conversação, ou começam a ensinar o tópico, até mesmo para os professores.

(e)   Alunos que podem ficar inicialmente entusiasmados com uma área ou tópico de discussão, mas uma vez que o interesse é satisfeito, resistem em fazer trabalhos adicionais relacionados ao tópico ou a concluí-los.

(f)     Alunos que podem não gostar ou se ressentir de ter que trabalhar com colegas que não apresentam habilidades igualmente superiores, podendo verbalizar ou apresentar sua insatisfação por meio de altos suspiros.

(g)    Alunos que possuem vasto conhecimento de muitos tópicos, e podem corrigir colegas e adultos quando percebem que estão dando informações incorretas.

(h)   Alunos que podem usar seu senso de humor avançado e sagacidade para intimidar, manipular e humilhar os outros.

(i)      Alunos que podem ser auto-confidentes e passionais sobre assuntos de cunho político, social ou moral e apresentar abertamente suas convicções, se distanciando dos colegas que não compartilham ou não ligam para esses assuntos.

(j)     Alunos que podem preferir trabalhar independentemente e se ressentir dos adultos que querem “colocá-los na linha”, fazendo-os seguir determinados procedimentos com os quais eles não concordam.

Outra linha de argumentação é que alguns destes comportamentos negativos podem ser devidos às necessidades intelectuais e emocionais do superdotado que talvez não estejam sendo devidamente atendidas em casa ou na escola. Embora o comportamento arrogante não deva ser tolerado e o desinteresse acadêmico não deva ser ignorado, é bom saber que a fonte destes problemas pode ser uma frustração intelectual, e não uma desordem emocional.

Lembramos também que o aluno pode demonstrar desinteresse pela escola e pelo funcionamento rotineiro da sala de aula e, mesmo apresentando uma habilidade superior em uma área do conhecimento (digamos, computação) pode demonstrar comprometimento severo em outra área (digamos leitura e escrita). Um aluno disléxico, por exemplo, pode ser notado na escola apenas pelo déficit que apresenta, sendo que seu talento em outra área pode passar totalmente despercebido. Basta lembrar que Thomas Edson, apesar de suas características inventivas e pensamento divergente, foi rotulado pelas escolas pelas quais passou, dos seis aos nove anos, como “doente mental” por seus traços de hiperatividade e déficit de atenção, advindo de uma audição deficitária; além disso, as professoras reclamavam que a criança falava demais[17]. O menino logo desistiu da escola e foi ensinado em casa pela mãe que, além não concordar com a percepção da professora, tinha completa confiança em suas habilidades naturais. Ela organizou para ele um laboratório de química no sótão de sua casa, cheio de livros de ciências, onde ele podia inventar e experimentar, aprendendo pela exploração e experiência, mais do que pela memorização; onde ele pôde colocar em prática seu intenso desejo de descobrir algo novo e original; e, fundamentalmente, seu alto nível de energia ajudou-o a transpor obstáculos e lançar as bases para seu futuro como inventor e empresário. Suas características criativas e imaginativas não o ajudaram, à sua época, a ser percebido como uma pessoa com altas habilidades por seus professores; contudo, traços de personalidade como curiosidade, perseverança, auto-disciplina e alta motivação para dominar um campo do conhecimento, aliados a um ambiente familiar propício e estimulador fizeram de Thomas Edson um dos maiores gênios do nosso tempo. É por meio de exemplos como estes que entendemos que, por mais que não possamos antecipar se um indivíduo será um adulto eminente e transformador de um campo de conhecimento, é nosso dever enquanto educador fazer o que está ao nosso alcance para não sufocar o desabrochar de suas potencialidades.

Estratégias para os pais e professores

 As características afetivas diferenciadas destes alunos e suas necessidades especiais podem trazer problemas para o indivíduo; no entanto, conhecê-los pode ajudar pais e professores a delinear um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento. Um programa adequado para o desenvolvimento das altas habilidades deve dar oportunidades para que a criança tenha consciência dos seus aspectos emocionais, ajudando-a a aplicar suas habilidades verbais e de compreensão avançadas às suas experiências e ao seu mundo interno, a fim de dar sentido ao mundo externo. A tabela abaixo destaca estes e outros aspectos, mostrando os possíveis problemas causados pelas características próprias da superdotação e as necessidades da criança ou jovem, de forma a ajudar pais e professores a criar estratégias de enfrentamento dos possíveis problemas que possam aparecer:

Características

Possíveis problemas concomitantes

Exemplos de necessidades relacionadas

Grande acúmulo de informação sobre emoções que não estão conscientes

Mal-interpretação da informação percebida, afetando negativamente o indivíduo

Processar cognitivamente o significado emocional da experiência; identificar filtros perceptuais e sistemas de defesa em si mesmo e nos outros; expandir e clarificar a consciência do ambiente físico; clarificar a consciência das necessidades e sentimentos dos outros

Sensibilidade incomum às expectativas e sentimentos dos outros

Vulnerabilidade acentuada às críticas feitas pelos outros; alto nível de necessidade de sucesso e reconhecimento

Aprender a clarificar os sentimentos e conhecer as expectativas dos outros

Agudo senso de humor

Uso do humor para atacar criticamente o outro, resultando em dano para os relacionamentos interpessoais

Aprender como os comportamentos afetam os sentimentos e comportamentos dos outros

Autoconsciência elevada, acompanhada de sentimentos de ser diferente

Isolamento, resultando em ser percebido como distante, o que o faz sentir-se rejeitado; percebe a diferença como um atributo negativo, resultando em baixa auto-estima, inibição do crescimento emocional e social

Aprender a evidenciar de forma assertiva suas necessidades e sentimentos de forma não-defensiva; compartilhar afetos com outros para auto-esclarecimento

Idealismo e senso de justiça, que aparecem em tenra idade

Tenta reformas e metas não-realistas, resultando em intensa frustração (o suicídio resulta de intensa depressão com relação a assuntos desta natureza)

Transcender reações negativas, encontrando valores a que possa se comprometer

Desenvolvimento prematuro de um lócus de controle e satisfação internos

Tem dificuldade em se conformar; rejeita validação externa e escolhe viver de acordo com valores pessoais, que podem ser percebidos como desafio à autoridade ou tradição

Esclarecer as prioridades pessoais entre valores conflitantes; confrontar e interagir com o sistema de valores dos outros

Profundidade e intensidade emocional incomuns

Vulnerabilidade incomum; tem problemas em focalizar metas realísticas para sua vida futura 

Encontrar propósito e direção no sistema de valores pessoais; transformar comprometimento em ação na vida diária

Altas expectativas de si e dos outros, geralmente conduzindo a altos níveis de frustração consigo mesmo, com os outros e com o ambiente; perfeccionismo

Desencorajamento e frustração derivados de altos níveis de criticismo; tem problemas em manter bom relacionamento interpessoal quando os outros falham em manter os altos padrões impostos pelo indivíduo superdotado; imobilização da ação devido aos altos níveis de frustração resultantes de situações que não atingem as suas expectativas de excelência

Aprender a estabelecer metas realísticas e aceitar obstáculos como parte do processo de aprendizagem; ouvir os outros expressarem seu crescimento advindo da aceitação de si próprios

Forte necessidade de consistência entre valores abstratos e ações pessoais

Frustração com os outros, levando à inibição de sua auto-realização e de suas relações interpessoais

Encontrar uma profissão que oferece oportunidades para a realização do sistema de valores pessoais do aluno, assim como um caminho para seus talentos e habilidades

Níveis avançados de julgamento moral

Intolerância e falta de entendimento do grupo de pares, levando à rejeição e possível isolamento

Receber validação para moralidade acima da média

Altamente motivado por necessidades de auto-realização

Frustração por não se sentir desafiado, perda de talentos idealizados, não trabalhados

Oportunidades para seguir caminhos divergentes, buscar interesses mais fortes, ajuda em entender as demandas da busca pela auto-realização

Avançada capacidade cognitiva e afetiva para conceituar e resolver problemas reais apresentados pela sociedade

Tendência a dar soluções rápidas sem levar em conta a complexidade dos problemas; a pouca idade da pessoa superdotada freqüentemente torna suspeitas as alternativas por ela usadas; pessoas mais velhas e experientes na solução de problemas podem não as levar a sério

Atentar para os problemas sociais, consciência da complexidade de problemas apresentados pela sociedade, estrutura conceitual para procedimentos de resolução de problemas

Liderança

A falta de oportunidade para usar esta habilidade construtivamente pode resultar no desaparecimento deste traço no repertório do jovem ou se tornar uma característica negativa (por exemplo, liderança de gangs)

Entendimento dos vários passos da liderança e prática em habilidades de liderança positiva

Soluções para problemas sociais e ambientais

Perda para a sociedade se não se permitir que estes traços sejam desenvolvidos com orientação e oportunidade de envolvimento significativo

Significativo envolvimento com problemas reais

Envolvimento com as meta-necessidades da sociedade (como justiça, beleza, verdade)

Envolvimento com grupos obscuros com crenças limitadas e perfeccionistas

Exploração de níveis mais altos do pensamento humano; aplicação deste conhecimento aos problemas atuais

Fonte: Clark, B. Growing up gifted. 1992, pp. 40-42 (traduzido e adaptado).

 

Assim, um programa educacional deve oferecer oportunidades para trazer à consciência o conhecimento emocional, o que certamente irá refletir na aprendizagem cognitiva. É importante ressaltar que ninguém tem altas habilidades no domínio cognitivo a expensas do domínio afetivo. Ao olhar ambos os domínios, o educador encontra material para predizer o tipo de desafios emocionais que poderá encontrar na convivência com estes alunos.

Considerações finais

Pais e professores são figuras fundamentais para ajudar a criança a cultivar certos traços de personalidade favoráveis ao desenvolvimento do potencial humano. Curiosidade, auto-confiança, persistência nas tarefas que se propõe a realizar, independência de pensamento e de julgamento, imaginação e criatividade são alguns dos fatores que devem ser valorizados e facilitados pela família. Além disso, devem buscar fornecer à criança uma educação onde os seguintes fatores sejam ressaltados[18]: a) Dedicar tempo à criança, ouvindo e discutindo com ela suas idéias, respondendo com interesse às suas perguntas, valorizando sua curiosidade, sua independência de pensamento e tomada de decisões; b) valorizar a criança como pessoa, deixando-a ser ela mesma, transmitindo-lhe amor e confiança em suas capacidades, e demonstrando aceitação mesmo quando ela fracassa em alguma tarefa; c) encorajá-la a buscar fontes diversificadas de conhecimento, através de visitas a museus, bibliotecas, exposições, e outros locais do seu interesse, oferecendo-lhe materiais de leitura e oportunidades de desenvolver hobbies; d) encorajar suas habilidades físicas e sociais, como esportes, jogos de grupo, e atividades que impliquem em socialização.

Os educadores devem estar conscientes de que a estimulação deve ocorrer desde bebê, em um ambiente enriquecido, especialmente preparado para a criança. Ambiente enriquecido é aquele que[19]: inclui uma fonte constante de apoio emocional positivo; propicia estímulo a todos os sentidos (mas não necessariamente a todos ao mesmo tempo); tem uma atmosfera sem estresse exagerado e repleta de prazer intenso; apresenta uma série de novos desafios adequados ao estágio de desenvolvimento da criança; permite interação social em várias atividades; promove o desenvolvimento de habilidades e interesses mentais, físicos, estéticos, sociais e emocionais; fornece a oportunidade de a criança escolher suas próprias atividades; dá chance à criança de ver os resultados do seu esforço e modificá-los; tem uma atmosfera agradável que promove a exploração e o prazer de aprender, permitindo que ela seja um participante ativo e não um observador passivo do seu próprio desenvolvimento. Na escola, a criança que atinge mais rapidamente os patamares mais altos do currículo da sua série deve ter a chance de ser testada e acelerada para uma série mais adequada ao seu desenvolvimento cognitivo, incluindo a oportunidade de conviver com colegas mais velhos que se equiparam a ela em idade mental.

Sabemos que nosso país muito necessita de pessoas criativas, motivadas e mais capazes, que possam elevar o conhecimento humano, as ciências, a tecnologia, a cultura e as artes a patamares mais expressivos. Para isso precisamos nutrir os talentos de nossos jovens; oferecer ambientes que possam diminuir sua vulnerabilidade emocional; dar condições para que possam trilhar seu caminho de desenvolvimento em ritmo próprio; e ampará-los quando necessário neste processo de tornar-se uma pessoa única, diferente, integrada e feliz..

 

A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.
( Jean Piaget )

 

“O professor pensa ensinar o que sabe, o que recolheu nos livros e da vida, mas o aluno aprende do professor não necessariamente o que o outro quer ensinar, mas aquilo que quer aprender.”
( Affonso Romano de SantAnna )

Referências

Alencar, E. M. L. S. (2001). Criatividade e educação de superdotados. Petrópolis, RJ: Vozes.

Alencar, E. M. L. S., & Fleith, D. S. (2001). Superdotados: Determinantes, educação e ajustamento (2ª. Edição revista e ampliada). São Paulo, SP: EPU.

Bloom, B.S. (1985). Developing talent in young people. New York: Ballantine.

Clark, B. (1992). Growing up gifted: Developing the potential of children at home and at school. New York: Macmillan Publishing Company.

Feldhusen, J. F. (1985). Toward excellence in gifted education. Denver: Love Publishing.

Feldman, D. H. (1991). Nature’s gambit: Child prodigies and the development of human potential.New York: Teachers College Press.

Freeman, J., & Guenther, Z. C. (2000). Educando os mais capazes: Idéias e ações comprovadas. São Paulo: EPU.

Galbraith, J., & Delisle, J.  (2002). When gifted kids don’t have all the answers: How to meet their social and emotional needs. Minneapolis, MN: Free Spirit Publishing.

Goertzel & Goertzel (2004). Cradles of eminence. Childhoods of more than 700 men and women (2nd ed. With updates by T.G. Goertzel and Ariel Hansen). Scottsdale, AZ: Great Potential Press.   

Guenther, Z. C. (2000). Desenvolver capacidades e talentos: Um conceito de inclusão. Petrópolis, RJ: Vozes.

Morelock, M. J., & Feldman, D. H. (2000). Prodigies, savants and Williams Syndrome: Windows into talent and cognition. Em K. A. Heller, F. J. Mönks, R.J. Sternberg & R. F. Subotnik (Orgs.), International handbook of giftedness and talent (2nd ed., pp. 3-21). Oxford: Elsevier Science.

Neihart, M., Reis, S.M., Robinson, N.M., & Moon, S.M. (2002) (Org.). The social and emotional development of gifted children: What do we know? Washington, DC: The National Association for Gifted Children.

Piechowski, M. M. (1997). Emotional giftedness: The measure of intrapersonal intelligence. Em N. Colangelo & G. A. Davis (Orgs.), Handbook of gifted education  (2nd ed., pp. 366-381). Boston: Allyn & Bacon.

Piechowski, M. M., & Colangelo, N. (1984). Developmental potential of the gifted. Gifted Child Quarterly, 28, 80-88.

Renzulli, J. S., & Reis, S. M. (1997).The Schoolwide Enrichment Model: A how-to guide for educational excellence (2nd ed.). Mansfield Center, CT: Creative Learning  Press.

Silverman, L. K. (1993). Counseling the gifted and talented. Denver, CO: Love Publishing.

Virgolim, A.M.R. (2003). A criança superdotada e a questão da diferença: Um olhar sobre suas necessidades emocionais, sociais e cognitivas. Linhas críticas, 9, 16 (13-31).

Virgolim, A.M.R. (2007). Altas habilidades/ superdotação: Encorajando potenciais. Brasília, DF: MEC/SEESP.

Weinberg, R. A. (1989).Intelligence and IQ: Landmark issues and great debates. American Psychologist, 44, 98-104.

Winner, E. (1996). Gifted Children: Myths and realities. New York: Basic Books.

Recomendamos:

SITES E LIVROS RECOMENDÁVEIS (PARA OS PAIS E PROFESSORES)

Sites:

Conselho Brasileiro para Superdotação: http://www.conbrasd.com.br/ – Este Conselho congrega os maiores especialistas na área de superdotação no Brasil. O Conselho muda de região a cada quatro anos, mas os associados (pessoas físicas e jurídicas) podem obter informações sobre o atendimento de altas habilidades/superdotação em todo o país.

The World Council for Gifted and Talented Children (WCGTC): https://world-gifted.org/ – O Conselho Mundial para a Criança Superdotada e Talentosa é a referência mundial para encontros da área, que se dá a cada 2 anos. O site, em inglês, traz informações sobre as conferências mundiais, periódicos científicos e informações para educadores e pesquisadores da área.

The National Research Center on Gifted and Talented: http://www.gifted.uconn.edu/NRCGT.html – O Centro de Pesquisa Nacional sobre Superdotação e Talento, localizado em Connecticut (USA) é dirigido pelo Dr. Renzulli, um dos mais renomados pesquisadores da área. O site traz artigos, resultados de pesquisas, informações sobre programas, links e outros assuntos de interesse na área.

Livros essenciais:

 

Fleith, D. S. (Org.) (2007). A Construção de Práticas Educacionais para o Aluno com Altas Habilidades/Superdotação (vol. 1, 2 e 3). Brasília, DF: MEC/SEESP. Acessível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12679%3Aa-construcao-de-praticas-educacionais-para-alunos-com-altas-habilidadessuperdotacao&catid=192%3Aseesp-esducacao-especial&Itemid=860

 

Fleith, D. S., & Alencar, E. M. L. S. (2007). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades: orientação a pais e professores. Porto Alegre, RS: Artmed.

 

Gardner, H., Kornhaber, M. L., & Wake, W. K. (1998). Inteligência: Múltiplas perspectivas [trad.  Maria Adriana Veríssimo Veronese]. Porto Alegre, RS: ArtMed.

 

Sternberg, R.J., & Grigorenko, E. L. (2000). Inteligência plena: ensinando e incentivando a aprendizagem e a realização dos alunos. Porto Alegre, RS: Artmed.

Virgolim, A.M.R. (2007). Altas habilidades/ superdotação: Encorajando potenciais. Brasília, DF: MEC/SEESP. Acessível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12679%3Aa-construcao-de-praticas-educacionais-para-alunos-com-altas-habilidadessuperdotacao&catid=192%3Aseesp-esducacao-especial&Itemid=860

 

Virgolim, A. M. R., Fleith, D. S., & Neves-Pereira, M. (1999). Toc, toc, plim, plim! Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade(1ª. ed). Campinas, SP: Papirus.

Winner, E. (1998). Crianças superdotadas: Mitos e realidades. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.


[1] Estes e outros exemplos estão relatados no livro: Virgolim, A.M.R. (2007). Altas habilidades/ superdotação: Encorajando potenciais. Brasília, DF: MEC/SEESP.

[2] Feldman (1991); Morelock & Feldman (2000)

[3] Freeman & Guenther (2000); Winner (1996)

[4] Weinberg, 1989

[5] Alencar (2001); Feldhusen (1985); Feldman (1991)

[6] Renzulli & Reis, 1997

[7]Winner (1996)

[8] Renzulli & Reis (1997)

[9] Guenther (2000)

[10] Clark (1992); Neihart, Reis, Robinson & Moon (2002); Silverman (1993)

[11] Silverman (1993); Piechowski, (1987); Pieckowski & Colângelo (1984)

[12] Winner (1996)

[13] Winner (1996)

[14] Bloom (1985)

[15] Virgolim (2007)

[16] Galbraith & Delisle (2002, p.53)

[17] Goertzel & Goertzel (2004)

[18] Alencar & Fleith (2001)

[19] Virgolim (2003)

28 thoughts on “Meu filho é superdotado!!!!!!!!! O que eu faço agora????? NECESSIDADES SOCIO-EMOCIONAIS DA CRIANÇA COM ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO- por ÂNGELA M. RODRIGUES VIRGOLIM Universidade de Brasília

  • 03/07/2021 em 14:35
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    Me chamo Roberto, gostei muito do seu site e conteúdo,
    e até salvei aqui nos Favoritos para ler com calma outras
    postagens depois.

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  • 01/02/2018 em 18:09
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    Olá. Gostei muito do seu texto. Estou patinando há dois anos aqui em Jundiaí no interior de São Paulo. Já escrevi para secretaria de educação municipal e estadual. Já procurei por profissionais que atendam crianças superdotadas na minha cidade e não tive indicação de pessoas nessa área e nem respaldo de nenhum orgão público. A escola do meu filho promoveu ele de série mas não conseguiu apoio da Diretoria de Ensino. Agora tive que mudar ele de escola e voltar um ano para não se frustrar. No primeiro dever tinha uma pergunta, oq ue você espera aprender, ele respondeu nada, porque já sei tudo. É triste ver que as leis no Brasil são só papel, aqui não existe nenhum atendimento especial, nada.

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  • 04/11/2015 em 2:11
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    Eu definitivamente acho que estou louca. Tenho 15 anos e, até onde me lembro, não desenvolvi ou demonstrei habilidades surpreendentes durante a minha infância a ponto de que alguém suspeitasse que eu fosse superdotada. Porém, esse ano comecei a frequentar uma psicologa e fiz um teste de QI, deu 95%. Foi legal por um tempo e depois eu esqueci. Eu sempre fui muito consciente dos meus defeitos e qualidades, e sempre tentei concertar os defeitos, como por exemplo me obrigando a ser sociável, mesmo que preferisse mil vezes estar lendo um livro, eu sou completamente viciada em ler, a ponto de ter lido 58 livros em um ano. Sim, eu contei, apenas por curiosidade na verdade. Também, sempre fui ótima em matemática, mas com o tempo percebi que era num nível extremamente anormal. Esse ano fiz um teste, sem mal prestar atenção nas aulas e com apenas algumas lidas rápidas nas matérias eu tirei 8 ou 8,5 em todas as provas da matéria, o ano todo. Nesse fim de semana aconteceram algumas coisas que me levaram a questionar se eu seria uma super dotada. Então, passei a fazer várias pesquisas sobre o assunto, mas em todas diziam que a super dotação se manifesta na infância, algo que não ocorreu comigo. Mas, quando eu encontrei esse site me identifiquei com 90% das situações e estou realmente muito confusa. Não são só as habilidades que citei acima que me fizeram pensar isso, existem muitas outras, mas não sei se são num nível exagerado a ponto de ser considerada super dotada, até porque não sei qual o nível julgar ser o correto. Parece que quanto mais leio sobre o assunto mais me identifico e mais confusa fico. Afinal eu sou ou não sou super dotada? É apenas “maluquice” da minha cabeça? Ou eu posso estar correta? O que posso fazer para ter certeza? Essas são apenas algumas das milhares de dúvidas que me assombram a exatos três dias, e quanto mais o tempo passa, mais assombrada eu fico.

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  • 23/10/2015 em 19:40
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    Me emocionei com a história do menino, hoje eu tenho um filho de 12 anos ainda estamos com muitas dificuldades na escola, ele está hoje em uma segunda escola porque a primeira queria ele medicado na escola. Ele fez o primeiro desenho com 2 anos desenhou eu e o pai dele e ele me surpreendeu muito e em seguida começou a criar seus próprios brinquedos usando cola tesoura caixas fez muita coisa todos os dias montou um quebra cabeça com 100 peças. Hoje ele não leva a escola a sério sempre reclamou que é tudo muito chato e o povo grita muito, prefere seus desenhos e vídeos (computador).Ele tem Qi 127 feito na puc e agora vou leva lo na faderg para fazer teste de altas habilidades. Obrigada

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  • 17/08/2015 em 17:11
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    Oi meu filho com 5 anos aprendeu a ler praticamente sozinho mostrei umas duas vezes pra ele q tnha q juntar uma letra com a outra para formar as silabas ,ja sabe fazer contas de somar ,escreve ,contei uma vez com ele até 100 e ele aprendeu,estou achando q ele pode ser super dotado gostaria de uma opinião e q devo fazer,e se tenho como conseguir uma ajuda pros estudos dele?

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  • 26/07/2015 em 20:26
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    ola,miha filha ama aleitura,e comesou a falar com 4 meses,com um ano sabia quase todas as palvras do dicionario,le tudo que acha,com 1 ano me pergunrou por que a agua e trasparente e tem sombra,dois dias depois,ela chegou e disse que tiha feito uma historinha fuiler e percebi que tiha soma e multiplicacoes,perguntei de onde tinha tirado isso e ela disse que vio o irmao mais velho fazendo o mesmo,hoje ela sofre de bullyng lee e sabe 10 vezes um adulto comun,uma ingenuidade e frieza fora do normal,campea em xadrez do colegio,e diz que a escola e facil demais,muito chata,sabe 3 liguas e aprende mandarim pela internetela pinta e ja escreveu 10 livros otimos,mas nunca publicou,ela diz que tem vergenha,ela e um pouco egoista,de vez em cuando ela diz que criou umka teoria,que sempre levo pra ser avaliada,e acaba coreta,as vezes a vejo,parada olhando um ponto fixo e pergunto o que pensa e al diz a resposta da pergunta que eu o qualquer outra pesoa lhe fez a seculos,outras vezes ela ficou proibida de falar resposta em aular,por que sabia de tudo,e questionava tudo,ela tambem toca flauta,e desenha,seu quarto e uma bagunsa anotacoes por toda parte,eal critica a sociedade,ela que pular pra faculdade com 12 anos,eu ate entendo,ela explica conseitos a garotos do ultimo nivel,e explica astorlogia,e tudo que perguntar,chegou a dar muitas palestras,eunao quero que ela pule niveis pois e emocionalmente instavel,e o pai dela diz que ela nao vai fazer lo ate te 14,ela nao aceitou e nao fala mais com o pai dela,ela me pediu para colocarla em cursoso semi proficionais e palestras,o que eu fasso,ja tentei integrar ela a um grupo social,amis ela nao fala com os da sala dela,e els nao falm com a esquisita,e ingenua,chaman ela de piralha a÷pesar de ser bem alta o que eu fasso

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  • 06/05/2015 em 20:00
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    Olá, meu filho tem 8 anos é tem altas habilidades/superdotação. Ele aos 7 anos passou por avaliação psicopedagógica para comprovação e diagnostico e foi diagnosticado aos 7 que ele possuía um cognitivo de 12 anos. Como tantas mães aflitas, como já fui e acho que ainda sou, meu filho era um bebê muito ansioso, diferente dos outros, dormia pouco e observava muito. Não engatinhou e aos 10 meses andou. Sempre com uma energia interminável, só desligava quando dormia. Foi à escolinha com 1 ano se 3 meses e já se interessava muito por letras e figuras. Comecei a estimula-lo deixando ele fluir na criatividade e imaginação, com muita paciência e amor. Quando ele fez 2 anos e meio quis saber como se escrevia a palavra “mãe”, ou melhor, como escrevia o som do “ã”, expliquei apenas uma vez e ele já assimilou automaticamente para o restante das vogais. Aos 3 anos ele lia livros e buscava referências, Ex. a figura indicada por numero, ele buscava na referencia e assim por diante… até então, ele era taxado como “hiperativo” por familiares, que não o entendia e o excluía, porque ele era muito bagunceiro, queria observar e testar tudo. O esposo de uma colega de trabalho me disse que ele era diferente e para eu procurar uma Neuropediatra. Foi o que fiz, ele já aos cinco anos, ela o diagnosticou “superdotado”. A grande dificuldade dele até hoje, é na coordenação motora fina, não consegue amarrar os sapatos e escrever em letra cursiva “de mão”. Na minha cidade, Pinhais/PR, o município possui uma Gerencia de Inclusão na Secretaria de Educação e meu filho faz contra turno com crianças dos seus “pares”, também com altas habilidades/superdotação, onde desenvolvem projetos e os profissionais especializados estimulam essas habilidades e também trabalham com Grupo de Pais, oferecendo assistência psico pedagógica aos pais destes pequenos para aprendermos como atuar com nossos filhos entendendo e preparando-os para este futuro brilhante que está por vir.
    Infelizmente, as crianças com estas características sofrem muito na escola, pois realmente, se diferem das outras, as brincadeiras são diferentes e são excluídas até mesmo por professores, pois eles não estão preparados para trabalhar com esses pequenos. Aqui na minha cidade, os professores das salas de superdotação dão apoio aos professores destes alunos na escola regular com adaptação de grade curricular, encontros, etc.
    Relato este fato, pois vivencio a cada dia esta experiencia maravilhosa e desafiante que é ser mãe de um ser tão maravilhoso.

    Abraços a todos e obrigada.

    Resposta
    • 26/07/2015 em 20:33
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      aconteceu o mesmo com minha filha so que ela e bem quieta,e testa tudo,a miha nao recebeu sisitencia pois estsamos no esterior,ela nuca dssie que sofiria buling tive que procurar um profresor,as psicologas te medo dela e diz que ela faz tudo e nao se arepnde,ela nunca fez nada demais e e muito fria,ela so se expresa em escrita e em pintura que alias e uma otima forma do seu filho de senvolver a capacidade motora, amiha tem uma galeria,ela e um pouco rebelde e nao admite nada fora do que pra ela e certo

      Resposta
  • 19/03/2015 em 17:37
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    Excelente artigo. .se encaixa perfeitamente com.meu filho

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  • 17/02/2015 em 2:37
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    Tenho um irmão que vai fazer 3 anos em março dia 23.
    ele começou a ver um desenho chamado super why com 1 ano, desde então o interesse dele em aprender letras foi espontâneo, começou a repetir as letras em inglês como acontecia no desenho, conta no dedo quantas crianças estão brincando no parque, pega desde gravetos à macarrão cru pra simular letras ou números no chão. Sabe o alfabeto inteiro e conta de 1 a 22 sem erros. Vim pesquisar se é normal porque agora por ultimo fiquei meio surpreso, quando semana passada ele pegou tinta guache e fez o E,F,e o R. lembro uma vez que vi ele no estacionamento de uma festa de família, lendo as placas dos carros rsrs.

    Resposta
    • 26/07/2015 em 20:41
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      eu sou asim so que comesei bem mais cedo,aprendi ingeles vendo filme legendado,como 1 ano era bilingui,kkk
      mas minha mae tirou a tv de min por que eu falva em ingles e era estranho mas logo aos 3 usava o computador melor que meu pai que me ensino a fazer pequenos robos e motore,susega garoto,eu e meu primo fizemos aero modelos aos 9 entao seu imao nao e tao diferente ele so foi influenciado um pouco mais tarde,so pra constar meu Qi e de 155e o de einten era 160,leve seu imao pra fazer um teste e posam auxiliarlo

      Resposta
  • 07/02/2015 em 16:19
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    Por favor, tenho um bebê de três anos e dois meses, ele me pediu no ano passado para que o ensinasse a ler, pois eu sempre leio livros para ele, desde pequeno ele adora livros, hoje ele tem um grande vocabulário, fala frases inteiras e até sentenças no gerúndio.. acho lindo..rsrs
    Comecei a ensina-lo no final do mês de dezembro o abcedário, onde aprendeu em menos de um mês, já conhece todo alfabeto e já está juntando as letras e criando silabas simples, porém meu filho agora está na fase do por que, mas pelo que leio os por quês não são apenas aos seis anos ? Vejo que meu filho é bem avançado em relação aos coleguinhas na creche, preciso de vossa ajuda, sei que não posso deixar de ajuda-lo a desenvolver seu potencial, mas tenho dúvidas em: Qual profissional devo procurar, em que escola devo matricula-lo…

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    • 07/02/2015 em 21:18
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      Oi, Luciana! Tudo bem?
      Por favor, entre em contato com a autora: angela.virgolim@gmail.com
      Profa Dra Angela Virgolim
      Superdotação, criatividade e talento D
      Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED-
      Instituto de Psicologia – Universidade de Brasília
      tel: 3107-6888 – 3107-6830 – 3107-6841
      8131-7269

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      • 26/07/2015 em 20:43
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        meus porques vinheraam com 1ano, susega,seu filho e quase normal

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  • 07/02/2015 em 4:23
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    Excelente texto! Bem escrito e muito esclarecedor!
    Se possível, gostaria de poder entrar em contato com a professora Angela.
    Grata!

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    • 20/09/2017 em 20:36
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      Oi Luíza! Sigo você no Potencial Gestante. Meu filho tem a mesma idade do Benjamim. Quando comecei minha peregrinação para saber se havia algo de “diferente” com meu filho, pensei logo no seu, pois vejo os desenhos dele e são muito bons para a idade. Fica a sugestão de escrever sobre o tema. Você chegou a levar o Benjoca para uma avaliação? Meu filho ainda está em processo de diagnóstico. Mas ingressou em um projeto de extensão desenvolvido pela PUC Minas, voltado para crianças com Altas Habilidades. Isto tem feito um bem imenso para ele.

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  • 15/12/2014 em 21:24
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    Olá,
    Entre outros fatos que chamam a atenção… Minha filha falou aos 6 meses… Com 1 ano e meio ela aprendeu o alfabeto inteiro em 3 dias… Com 1 e 8 meses, minha mãe encinou as sílabas… Minha mãe disse a ela “B com A BA (etc), C com A CA(etc)” e da letra D em diante minha mãe só disia “D com A e minha filha respondia DA… Minha filha fez as associações corretas e foi capaz de dizer todas as sílabas do alfabeto sozinha aos 20 meses de idade… Com 2 anos e 2 meses encinei para ela noção de soma e subtração e ela aprendeu no mesmo instante.
    Hoje aos 3 anos parece que ela esqueceu algumas coisas que ela aprendeu… Por exemplo, não sabe mais as sílabas do alfabeto e não apresenta mais a mesma facilidade para aprender… Porém, se comunica muito bem e suas brincadeiras são bem elaboras.
    Enfim, hoje ela está com seu desenvolvimento geral aparentemente equiparado a idade dela…
    É possível ela ter predido as habilidades que tinha? Ou o que ela teve foi apenas um “boom” normal no início da vida?
    Obrigada,
    Najla

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  • 04/12/2014 em 21:21
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    Gostaria de elogiar o excelente trabalho. A dificuldade em encontrar textos úteis, bem redigidos e que esclareçam a superdotação de forma apropriada é imensa, principalmente no Brasil. Tenho pesquisado o assunto há algum tempo, basicamente em Inglês. Já traduzi textos para poder oferecer leitura adequada em Português a psicólogos e educadores.
    Sou superdotada. Sou psicóloga não-atuante. Meu filho de 2 anos também vem apresentando muitos traços de superdotação e, por isso, minha preocupação é redobrada quanto a questão da superdotação, pois já passei por muitos desafios comuns aos superdotados em nossa sociedade e em nossas escolas e quero conseguir proporcionar oportunidades diferentes para o meu filho, que incentivem o pleno desenvolvimento do seu potencial humano e minimizem sofrimentos futuros. Abordar esse tipo de assunto em nossa cultura é extremamente difícil, por ser uma questão complexa, que enfrenta muitos pré-conceitos equivocados, resistência, ignorância e descrédito. Obrigada pelo texto. Muito pertinente.

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  • 07/09/2014 em 19:44
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    Boa Tarde Dra. Angela,

    Primeiramente gostaria de dizer que o campo do website é algo desnecessário e agressivo para mim, mas caso deseje segue o website da minha empresa.

    Fiquei muito comovido com a historia do Daniel, não me sai da cabeça ele dando a explicação do sapo a professora, um criança não tem o direito de passar por certas situações, ele são puros de alma…

    Bem como o meu amiguinho Daniel(gostaria de conhece-lo), eu sou um adulto “super dotado” como vcs dizem no universo acadêmico da psiquiatria; analisei e vi neste site que vcs só conhecem teorias e teorias e teoria diga se de passagens vazias e chatas como a teoria da evolução de Darwin, deste modo vejo que vcs não tem condições realmente de ajudar o pequeno Daniel.

    Bem, meu projeto de vida já esta traçado e de acordo com que penso começo entre 5 e 6 meses, e não terei mais condições de ajudar a ajudar vocês com as crianças como o caso mencionado acima caso estrapole este periodo .

    Caso queiram respostas me procurem… A ajuda a pequeno Danielzinhos depende da boa Vontade de vcs tb e não só de mim.

    Grato

    Tárik

    tarik@microcs.com.br
    Não me acharão na internet, seja facebook entre outros não perco tempo com estas besteiras.

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