O MORRO DOS VENTOS UIVANTES E A METAFÍSICA DA PAIXÃO – por Elisabete Castelon Konkiewitz–canal youtube: https://www.youtube.com/channel/UCrE1N1p5tTnErP5rUA8lrxA
O Morro dos Ventos Uivantes e a Metafísica do Amor
Palestra de Abertura do II International Grand Dourados Neuroscience Symposium, 25 e 27 de setembro de 2014.
O Morro do Ventos Uivantes é um romance publicado por Emily Brontë em 1848, sendo a única obra de ficção desta escritora, que veio a falecer, pouco meses depois, aos 30 anos, após uma vida de poucos acontecimentos, quase toda encerrada em um vilarejo da região de Yorkshire no norte da Inglaterra.
O romance foi chocante na época e ainda arrebata o público moderno pela sua ferocidade, sua energia e seu erotismo. Ele representa um grito selvagem contra as convenções sociais normatizantes, artificiais e excludentes a favor da expansão da individualidade, da liberdade de autodeterminação e de uma forma de vida mais autêntica e natural. Por isso é muito, muito romântico.
É a história de um amor impedido, de uma necessidade sufocada. É a história de um homem que se impõe contra todo um mundo que lhe tirou o que lhe era mais caro e se vinga.
Pouco antes da publicação do romance por Emily Brontë, o filósofo Arthur Schopenhauer, na Alemanha, se debruçava de uma forma bastante diversa sobre o mesmo tema do amor erótico. Em seu ensaio A Metafísica do Amor, ele defende que o enamoramento é uma ilusão que se apossa de nós e nos faz desejar determinada pessoa, acreditando que nela repouse a nossa felicidade, mas que, na verdade, ao perseguirmos este fim egoísta, estamos de fato obedecendo a um interesse muito maior, que é o da perpetuação da nossa espécie. Assim, nós nos apaixonamos justamente pela pessoa com quem as chances de gerarmos filhos mais robustos é maior.
Ora, este é um pensamento que precede e antevê (quase que profeticamente!) o pensamento darwinista, o conceito de evolução e a própria neurobiologia da paixão, da sexualidade e do ciúmes.