Fundamentos neurobiológicos da música e suas implicações para a saúde-Paulo Estevão Andrade e Elisabete Castelon Konkiewitz

Artigo de revisão publicado na revista Neurociências & Psicologia-Ed Atlântica-Rio de Janeiro. Volume 7 • Nº 3 • julho/setembro de 2011: 171-183

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Resumo
Este artigo apresenta evidências dos fundamentos neurobiológicos e evolucionários da música e suas
implicações terapêuticas. Primeiro, a música é um comportamento universal, presente em toda cultura.
Segundo, apesar de evidências de alguns mecanismos músico-específicos, estudos de lesão e de neuroimagem revelam que a música é também altamente supramodal e interage com múltiplos domínios
cerebrais, recrutando ativação bilateral em regiões envolvidas com o processamento linguístico, motor e
espacial. Terceiro, os padrões básicos de organização melódica e temporal da música são compartilhados
entre as culturas, uma propriedade análoga às regras universais da sintaxe compartilhadas por diferentes
línguas. Quarto, as respostas dos ouvintes à música também são universais através das culturas. Quinto,
estudos de neurodesenvolvimento mostram que bebês processam padrões musicais semelhantemente
aos adultos, fornecendo evidências de mecanismos transcendentes à cultura. Sexto, a música evoca
emoções genuínas e fortes, ativando estruturas cerebrais filogeneticamente antigas do sistema límbico.
Finalmente, consideramos uma redefinição da música como uma forma de comunicação baseada no som,
corporificada, não-referencial e polissêmica, cujo conteúdo é essencialmente emocional. Como a música
ativa áreas cerebrais envolvidas no processamento linguístico, espacial, motor e emocional básico, induzindo neuroplasticidade, ela representa uma possibilidade terapêutica de baixo risco e de baixo custo.
Palavras-chave: música, cognição, neurodesenvolvimento, emoção.

 

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Paulo Estevão Andrade: Professor de musicalização no Colégio Criativo de Marília, São Paulo e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Neurociências e Comportamento “Memória, Plasticidade, Envelhecimento e Qualidade de Vida” da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Campus de Marília,

30 set 2015Elisabete Castelon Konkiewitz: Médica neurologista e psiquiatra, professora adjunta da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados

2 thoughts on “Fundamentos neurobiológicos da música e suas implicações para a saúde-Paulo Estevão Andrade e Elisabete Castelon Konkiewitz

  • 20/11/2017 em 0:52
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    Olá,
    Estou elaborando um projeto de pesquisa na disciplina Metodologia Científica, irei a abordar o tema do trabalho sobre a influência da música no desenvolvimento cognitivo infantil .
    Estou atrás de referencial teórico na área de neurociências para desenvolver o projeto, as bibliografias até o momento que encontro estão em inglês.
    É possível informar algum referêncial para o estudo e também ler este artigo, vejo que com a música é muito importante para a plasticidade no desenvolvimento infantil e que a questão social da música como ela colabora neste processo.
    Gostei bastante desse resumo sobre o tema, é mais ou menos o que quero estudar para o projeto.
    Sou aluna do curso de Psicologia do Centro Universitário Unichristus – Fortaleza – Ce 2º semestre.

    Grata.

    Resposta
    • 10/06/2018 em 21:41
      Permalink

      Olá, obrigado pelo interesse e desculpe o area so na resposta. Estive fora por bus tempos. Por favor, digite no Google Paulo Estêvão Andrade e encontrará artigos meus sobre o tema e muitas referências.

      Grande Abraço
      Paulo

      Resposta

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