Pensando sobre a inteligência, a criatividade e a genialidade-uma conversa informal com educadores, por Elisabete Castelon Konkiewitz
INTELIGÊNCIA E SUPERDOTAÇÃO
- Seria a inteligência um produto genético ou ambiental?
- Pode a inteligência ser quantificada?
- Qual a sua noção de superdotação?
- Como é o desempenho de uma criança superdotada e o que pode influenciar o mesmo?
- Pode uma criança ser superdotada e ter ao mesmo tempo um distúrbio de aprendizado?
- Deve um aluno superdotado permanecer em classe comum, ou uma classe especial?
- Quais os possíveis problemas emocionais e sociais relacionados à superdotação?
- Como lidar com o aluno superdotado, sua família e o ambiente escolar (seus colegas de classe, os pais destes colegas, a diretoria, etc)?
A medida da inteligência
Afinal de contas, o que é ser mais inteligente que os outros? Como a inteligência se faz perceber? Em que ela consiste? Estaria ela localizada em um lugar específico no nosso cérebro? Pode ser relacionada ao tamanho do mesmo?
Os primeiros testes de inteligência foram desenvolvidos por volta de 1905 pelo psicólogo francês Alfred Binet. Ele queria identificar entre as crianças parisienses aquelas com necessidades especiais.
Rapidamente esta “moda” chegou aos EUA e em 1917 o exército americano avaliou mais de 2 milhões de recrutas para a Primeira Guerra Mundial.
Os testes de Q.I partem do princípio de que a inteligência seria um fator mensurável e imutável no decorrer da vida. Assim, por exemplo, nos Estados Unidos as crianças que possuem boa performance nos testes Q.I são indicadas para programas especiais de “bem dotados”, enquanto aquelas com desempenho médios nestes testes são indicadas para programas médios, convencionais.
E o que exatamente é medido nestes testes?
Quando duas crianças fazem um teste de inteligência, elas se esforçam por entender o significado de diferentes palavras, a interpretação de gráficos e as soluções de problemas matemáticos e, depois, registram suas respostas fazendo pequenos círculos numa folha de papel. Após terminado o teste os resultados são avaliados objetivamente, convertendo-se o número de respostas certas em um índice, o qual é obtido através da comparação das respostas com um gabarito padronizado pela média de uma população de crianças com idade semelhante.
Existe uma correlação positiva, verificável e confirmada entre o valor obtido no teste e o desempenho na escola.
Mas porque isto acontece? A resposta não é tão difícil de se entender, pois em suma os testes que são feitos com estas crianças dizem respeito a um conteúdo específico, o qual corresponderá a um conteúdo de mesma natureza que será dado nas escolas. Em outras palavras, aquelas capacidades medidas no teste de Q.I , de se resolver problemas específicos de natureza lógico-matemática e verbal-lingüística, são as mesmas capacidades que desempenham um papel fundamental no currículo das escolas e, portanto, determinantes no sucesso ou fracasso dos alunos.
Aproximadamente 80% das pessoas têm um QI entre 85 e 115. Assim um valor acima de 130 é um indício de superdotação.
Por muitos anos nossa sociedade tem julgado a inteligência pela alta performance nas escolas e relacionado notas altas com alto intelecto, porém já faz muito tempo que os educadores e pesquisadores têm percebido que muitos de nossos mais brilhantes estudantes não são necessariamente os que têm as notas mais altas. Muitas das maiores contribuições que o mundo recebeu vieram de indivíduos que tropeçaram muito quando jovens, sendo que muitos deles não eram crianças prodígio, como Beethoven, ou Einstein. Howard Gardner comenta que “nós sofremos quase que uma lavagem cerebral para restringir a noção de inteligência às capacidades utilizadas na solução de problemas lógicos e lingüísticos.”

Além do mais, nascer com um alto Q.I ou uma incrível habilidade não é garantia de sucesso no futuro. A superdotação não leva necessariamente a um “super-talento”. Extremamente importantes são também a motivação e a criatividade. Os pais que exigem demais dos filhos em suas habilidades especiais estão fadados a induzi-los ao fracasso, pois nem sempre estas características prodigiosas e espantosas permanecem constantes à medida que a criança envelhece, ou seja:
- A inteligência não é estática.
- Outros aspectos da personalidade determinam o desempenho de um indivíduo ao longo de sua vida.
- A inteligência não é simplesmente resultado de um determinado gene. Existe um provável componente hereditário nos talentos prodigiosos, mas ainda não se sabe muito sobre a biologia da inteligência.
- A família e a sociedade são também capazes de influenciar o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo. A experiência, as estimulações que um indivíduo recebe na sua infância são fundamentais para o desenvolvimento e a ampliação dos seus potenciais, ou seja, a inteligência pode se modificar no decorrer do desenvolvimento (através da NEUROPLASTICIDADE).
- O teste de Q.I não é necessariamente a melhor medida do potencial das pessoas e possuir um alto Q.I não garante, definitivamente, um sucesso futuro.
- A inteligência é uma capacidade complexa e multifacetada, contendo várias habilidades que unidas e bem articuladas dão ao indivíduo uma real capacidade em levantar e resolver problemas das mais diversas espécies.
Um conceito mais amplo de inteligência

Howard Gardner, psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, desenvolveu uma bem fundamentada Teoria das Inteligências Múltiplas na qual o autor define a inteligência como “a capacidade de se resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes comunitários”.
A capacidade de resolver problemas não se restringe àqueles dos testes de Q.I ou dos exames escolares de uma maneira geral onde são avaliadas apenas duas capacidades básicas que são a lógico-matemática e lingüística, mas muito mais que isso abrange todo um contexto da vida real em que nos deparamos com uma infinidade de situações diversas e em diversas áreas de atuação, diversos domínios, inclusive no que tange à problemas de ordem pessoal, seja de caráter intrapessoal ( em nossa auto estima, autoconhecimento, etc…) ou interpessoal (em nosso relacionamento com outras pessoas). Em outras palavras essa definição de inteligência pressupõe que para resolvermos problemas de naturezas tão diversas necessitamos também de capacidades, ou habilidades diversas. A questão central na Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner é a procura por uma definição ótima de inteligência, e é no nível desta definição que a teoria diverge das demais, pluralizando o conceito tradicional. “A capacidade de resolver problemas permite à pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo.” E, para que sejam resolvidos os problemas, lançamos mão de uma série de habilidades que se prestam a resolver desde problemas pessoais, sociais, teorias científicas e até composições musicais. Gardner pretendendo enfatizar a amplitude de aplicação dessas habilidades coloca que “os problemas a serem resolvidos variam desde teorias científicas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso”.
O segundo aspecto é sobre o sentido de produto como colocado na definição. O produto, nesse caso, não se restringe apenas a um objeto mercável como normalmente costumamos relacionar a este termo, mas vai também muito além disso representando todo produto de natureza concreta, paupável que venha a ser útil em uma determinada situação que não necessariamente ligado a um valor comercial; e, por outro lado, significa também qualquer produto de natureza intelectual consubstanciado em um plano de ação, um método, um projeto ou um sistema qualquer que venha a dar termo ou solucionar um problema de qualquer natureza na vida comunitária e social, ou mesmo na vida particular e pessoal.
Criatividade, Inteligência e
Genialidade
Acredita-se que uma grande diferença entre o gênio e as outras pessoas seja a sua forma de pensamento:
Ao resolver problemas, nós procuramos, na maioria das vezes percorrer um caminho previamente ensinado, ou seja, reproduzimos uma estratégia. O gênio, por sua vez, procura uma nova interpretação do problema, as mais diferentes formas de se olhar para ele, todas as possíveis respostas. Ele não se interessa tanto pelos caminhos já percorridos no passado, ou seja seu pensamento não é reprodutivo e sim produtivo.
O pensamento reprodutivo associa-se a uma certa rigidez, que nos leva a tentar enfrentar novos desafios com os mesmos métodos do passado.
Ao contrário, o pensamento produtivo associa-se à criatividade, abrindo um leque de diferentes possibilidades a serem testadas. A criatividade está relacionada à capacidade de combinar e criar relações entre elementos aparentemente desconexos e incongruentes, recombinando idéias, imagens, palavras, assim como uma criança recombina blocos de brinquedo. Assim Einstein relacionou matéria, energia e velocidade de uma nova forma; Kekulé intuiu a forma em anel da molécula de benzeno, após ter sonhado com uma serpente que mordia o próprio rabo; Mendel criou a genética moderna unindo leis da probabilidade ás suas observações botânicas.
Outras características de personalidade observadas em estudos biográficos de pessoas aceitas com geniais (que fizeram contribuições notáveis em diversas áreas) são a sua persistência, sua auto-confiança, sua grande motivação, as quais derivam do fascínio que os prendia à sua área de dedicação.
Por trás de uma criação genial encontram-se várias tentativas e produções anteriores, muitas delas medíocres, o que nos faz ver que os gênios produzem bastante e que a idéia genial não surge magicamente, mas é sim o resultado de um esforço árduo, de um longo caminho percorrido.
SUPERDOTAÇÃO
A definição aceita pelo MEC é a de que são considerados superdotados todos aqueles que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos, isolados, ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes visuais, dramáticas e musicais e capacidade psicomotora.
Sempre que falamos em superdotados, a primeira imagem que vem à nossa mente é a do estereótipo de gênio: aquele aluno com poucos amigos, de óculos de grau, que domina todos os assuntos, resolve qualquer tipo de problema e vive rodeado de livros e de fórmulas matemáticas. Hoje porém o conceito de superdotação tornou-se muito mais abrangente. A superdotação se revela por um conjunto de traços e características, e não apenas pela velocidade do desenvolvimento, ou por demonstrações de inteligência. Com essa visão ampliou-se, e muito, o número de pessoas consideradas superdotadas em nossa sociedade.
O importante é não generalizar, não pressupor que os superdotados sempre apresentem domínio em todas as áreas. Como já foi dito, alguns superdotados podem ter desempenho expressivo em algumas áreas e médio e até baixo desempenho em outras.
O ambiente é de extrema importância. Assim, uma criança de notável habilidade lingüística criada em uma família de poucos recursos, onde não se lê, poderá não desenvolver seu potencial. Também um aluno superdotado, cujos questionamentos são constantemente ignorados, ou até mesmo, represados pelo professor, poderá desenvolver um comportamento de letargia, isolamento, ou oposição. Da mesma forma, um aluno, cuja curiosidade científica é vista pelos seus colegas de classe como ambição desmedida, poderá resignar-se. É preciso que a família, a escola e os amigos aceitem e amparem a criança, dando-lhe segurança e motivação para o desenvolvimento de seus potenciais.
Algumas características de superdotados:
- Rapidez e facilidade para aprender,abstrair, ou fazer associações.
- Criatividade
- Capacidade para analisar e resolver problemas
- Independência de pensamento
- Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática, ou outros talentos.
- Curiosidade e senso crítico exagerados
- Senso de humor
- Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais
- Bom relacionamento social e liderança
- Aborrecimento com a rotina
- Hipersensibilidade
Os portadores de altas habilidades podem ser enquadrados em diversos tipos: intelectual, social, acadêmico, criativo, psicomotricinestésico e especialmente talentoso.
Com a modificação do conceito, também se modificou a metodologia utilizada para a identificação de um superdotado. Isto porque agora passaram-se a ser consideradas características que não podem ser medidas apenas por testes de inteligência.
A identificação deve ser feita através de um acompanhamento abrangente e contínuo. Sugere-se que seja feita uma observação sistemática do comportamento e do desempenho do aluno, que se conheça sua história de vida familiar e escolar, bem como seus interesses, preferências, sua situação cultural e social, dentre outros aspectos que se julgarem necessários.
Também devem ser levadas em consideração características da sua personalidade, como independência de pensamento e julgamento, curiosidade, auto-confiança, absorção e persistência nas tarefas que se propõe realizar.
Para facilitar a avaliação do professor com relação às características do aluno, Renzulli, Smith, White, Callahan e Hartman (1976) desenvolveram as Escalas para Avaliação das Características comportamentais de Alunos com Habilidades Superiores, nas quais avaliam-se os seguintes ítens:
- Aprendizagem: tem vocabulário muito avançado para sua idade, ou série. Seu comportamento verbal caracteriza-se por riqueza de expressão, elaboração e fluência.
- Motivação: necessita de pouca motivação externa para dar continuidade a um trabalho que o excita e o agrada
- Criatividade: demonstra grande curiosidade sobre muitas coisas ao mesmo tempo, fazendo todo tipo de pergunta.
- Liderança: autoconfiante, tanto no seu relacionamento com colegas de mesma idade, como no seu relacionamento com adultos. Apresenta e expõe seus trabalhos com facilidade.
- Arte: tende a selecionar a arte como meio de expressão para atividades livres e projetos em sala de aula.
- Música: é sensível ao ritmo da música e corresponde a mudanças no tempo da música com movimentos corporais.
- Teatro: usa gestos e expressões faciais de forma afetiva para comunicar seus sentimentos.
- Comunicação: expressa suas idéias de diferentes modos, fazendo-se compreender em todos eles.
- Planejamento: facilmente determina quais informações ou recursos são necessários para realizar uma tarefa.
É muito importante ter em mente que um mesmo aluno pode mostrar-se superdotado em uma área e ter simultaneamente dificuldade de aprendizado em outra, necessitando nesta de suporte especial. Assim uma criança com dislexia, TDAH, ou discalculia pode ser superdotada.
A escola é a área da vida onde o superdotado pode apresentar o melhor ajuste, ou o pior desajuste. Sua capacidade superior pode tanto ajuda-lo nos estudos e contribuir para um desempenho excepcionalmente bom, como pode levá-lo ao tédio, aborrecimento, ou rebeldia.
Na escola, se nosso ensino fosse voltado às reais necessidades do grupo, a situação do superdotado seria menos preocupante. Ele estaria produzindo, não apenas reproduzindo e entediando-se em sala de aula. Estaria entre seus colegas superdotados ou não sendo respeitado no seu estilo de pensar e aprender, recebendo atendimento de enriquecimento nas áreas que desejasse.
Segundo Alencar e Fleith (2001), em sala de aula o espaço para a fantasia e a imaginação, para o jogo de idéias é reduzido, sendo o potencial criador, que está presente em toda criança, muitas vezes bloqueado, inibido e, em alguns casos, destruído.
Segundo as diretrizes traçadas pelo MEC (1995), os alunos portadores de altas habilidades, salvo em casos extraordinários, serão atendidos em escolas comuns, onde receberão atendimento especial e terão a sua disposição, orientação e materiais adequados.
Esse atendimento deverá ser constituído conforme o caso e as condições da escola, de uma programação de enriquecimento/aprofundamento curricular, de uma programação de aceleração de estudos, ou de modalidades conjugadas.
Segundo o MEC, não haverá preocupação exclusiva com o atendimento ao(s) talento(s) do superdotado, mas uma busca na formação harmoniosa de sua personalidade, no desenvolvimento dos aspectos sociais e afetivos.
Programas de enriquecimento: baseiam-se em experiências variadas de estimulação e têm como objetivo um maior desenvolvimento das habilidades e interesses dos superdotados, visando aumentar e aprofundar seus conhecimentos.
São três as alternativas propostas pelo MEC nesse tipo de atendimento:
- Na própria sala de aula, com a utilização de técnicas de trabalho diversificado aplicado pelo professor de turma, orientado, ou não, por um especialista.
- Em grupos especiais submetidos a um programa de enriquecimento paralelo ao das atividades comuns, atendidos por um professor especialista, ou pelo próprio professor de turma, orientado por um especialista.
- Em grupos especiais com programa diferente ao da turma que freqüentam, realizado por um professor especialista.

Outras possibilidades poderiam ser atividades em laboratório, conferências, oficinas junto a profissionais locais, etc.
Vários estudos comprovam a riqueza de experiências com grupos heterogêneos. Além disso, o superdotado deve viver socialmente e isto implica relacionar-se com as mais diversas diferenças, com pessoas com diferentes talentos, habilidades, níveis de criatividade, mas também de problemas e deficiências.
Programas de aceleração: consistem basicamente em passar o aluno para séries mais adiantadas. Através desta modalidade o aluno poderá, amparado pela legislação (Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/95), iniciar precocemente seus estudos antes da idade legal, ser promovido a séries mais avançadas antes do término do ano letivo, ou até concluir dois anos de escolaridade em um ano apenas, através da transposição de séries.
Segundo o MEC, em relação às atividades educativas com alunos portadores de habilidades especiais, o professor deve ter como objetivos:
- Criar um ambiente no qual os alunos procurem aprender sempre, trocando idéias, EXPRESSANDO O SEU EU.
- Estimular e ouvir os alunos e seus problemas
- Apoiar novas idéias, encorajando seu desenvolvimento
- Acompanhar novas experiências
- Aceitar as limitações, estabelecendo uma relação de confiança
- Incentivar o aluno diante do fracasso.
- Interessar-se pela família do aluno
Que professor sou eu?
- Sou curioso, tento questionar o que acontece ao meu redor? Tenho interesse pelo novo, pelo outro e seus sentimentos?
- Sou tolerante e compreensivo para com as idéias das crianças, que fogem do esquema pré-estabelecido para a aula?
- Sou capaz de criar uma atmosfera de criatividade e prazer?
- Trago o humor para a sala de aula?
- Consigo com o meu comportamento diminuir o clima de insegurança e pressão na aula?
- Mantenho sempre ou mesmo método, ou aceito inovações e sugestões dos alunos?
- Sou capaz de lidar com os erros dos alunos, vendo neles um elemento que faz parte do aprendizado, ou reajo sempre com correções e censuras?
- Consigo aceitar outras opiniões? As minhas críticas são construtivas ou demolidoras?
Bibliografia recomendada:
Alencar E, Fleith DS. Superdotados: Determinantes, Educação e Ajustamento. São Paulo. Ed EPU, 2001
Howard Gardner: Inteligências Múltiplas. Ed Artmed
Howard Gardner: Mentes que criam. Ed Artmed
Margaret A Boden: Dimensões da criatividade. Ed Artmed
Muito informativo o texto. Vivenciei a minha filha, hoje com 15 anos, aos 5 anos já lendo e escrevendo, antes de ser alfabetizada, e mesmo em escola particular, nenhuma oportunidade foi exposto programas de enriquecimento. Nos restou,trocar por outra escola com nível de exigência maior e com mais opções de oficinas para motivá-la. Agora, novamente, com a filha menor, mesma facilidade, já sabe ler e escrever sem ter sido alfabetizada, apenas com os estímulos de leitura e atividades lúdicas de casa. Mas enfrenta um outro problema, nasceu em 04/04/2011, e aqui no RS, a data de corte para ingresso no ensino fundamental é de 31/03; não temos condições para buscar junto a justiça, um mandado de segurança que obrigue as instituições de ensino a aceitá-la. A tal Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/95, iniciar precocemente seus estudos antes da idade legal – simplesmente é ignorada pelos magistrados daqui, a maioria dos processos tem retorno negativo. As escolas não se preocupam com o pleno desenvolvimento, mas seguir regras que a sociedade não pode opinar, pois não estão preparados para trabalhar com crianças que sabem perguntar, são curiosas e tem muita criatividade para ficar restritas a uma sala de aula!