Pesquisador americano realiza pesquisa sobre doenças degenerativas na UFGD- por Vanessa Freixo, jornalistaRevista Corpo e Mente
Desde 2013, o cientista Edward Ziff agrega estudos com outros profissionais da universidade

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16/12/2016 15:16:42 | Atualizado em 16/12/2016 15:18:55
Com apoio do Ciências Sem Fronteiras, Edward Ziff desenvolveu nos últimos três anos pesquisas e trabalhos na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) sobre Alzheimer e AVC (Acidente Vascular Cerebral). Bacharel em Química pela Universidade de Columbia e PhD em Bioquímica por Princeton, Ziff é professor de bioquímica e farmacologia molecular da Universidade de Medicina de Nova York há 34 anos.
O pesquisador estudou a estrutura do DNA e com o tempo passou a se interessar pelo estudo da expressão dos genes e, então, pela neurobiologia. Já recebeu inúmeros estudantes brasileiros em seu laboratório na universidade americana e foi convidado pela professora Elisabete Castelon Konkiewitz, do curso de medicina da UFGD, para participar do III Simpósio de Neurociências da Grande Dourados. Durante a visita, o bioquímico percebeu que tinha interesses comuns com a universidade e, com isso, resolveu adentrar o estudo da UFGD sobre HIV e o cérebro. “Como eu tinha um histórico de pesquisa no mesmo assunto, como dor, depressão e HIV, e eu sei sobre biologia molecular do cérebro, então a ideia foi reunir os pesquisadores da área para realizar um estudo”, relata o cientista.
Entre os experimentos realizados, foram injetadas proteínas no cérebro e em nervos de ratos e observados os efeitos. Como resultado, a droga medicinal, produzida a partir de limão da própria universidade, ajudou a combater os efeitos tóxicos da infecção por HIV. “O HIV interfere no funcionamento do cérebro, assim como o Alzheimer”, comenta o estudioso. Ziff explica que existem variadas funções no cérebro, dentre elas a satisfação e a depressão, que são elementos praticamente opostos, além da dor, que de alguma forma se relaciona com as demais funções. Nos Estados Unidos, estudando os circuitos do cérebro que promovem esses sentimentos, os pesquisadores perceberam que, quando uma pessoa é infectada pelo vírus HIV, em uma semana ou duas, os vírus entram no cérebro através do sangue e começam a se replicar, causando profundos danos as funções cerebrais.
“Primeira coisa que se inicia é uma resposta imunológica aos vírus, causando uma inflamação. E essa inflamação induz à depressão, o que é normal. Se você tem o vírus, tem a febre, então se torna naturalmente depressivo e isso é porque o organismo está respondendo ao vírus”, esclarece o cientista. Isso ocorre com o HIV de maneira crônica e, a não ser que se tome os remédios de tratamento, a inflamação continua e a pessoa mantém o comportamento doente.
Vídeos
Durante os estudos na UFGD, surgiu a ideia de elaborar vídeos para ajudar no entendimento dos pacientes. No primeiro deles, sobre exame neurológico, foi reunido um grupo de alunos para explicar as diferentes partes do diagnóstico neurológico, que é um procedimento detalhado. Depois desse, outros surgiram sobre Alzheimer e AVC com a Dra. Elisabete Castelon dando conselhos a pacientes e cuidadores sobre o desenvolvimento das doenças, o que fazer, entre outros aspectos.
Para Edward Ziff, mais importante que saber se possui Alzheimer ou Parkinson, os vídeos ajudam as pessoas a conviverem com a doença. “Infelizmente não há cura para a doença do Alzheimer. Acredito que a filosofia dos vídeos seja mais para informar as pessoas como suas vidas pessoais podem ser organizadas, juntamente com detalhes médicos”, afirma o especialista. Para ele, é importante que a família tenha conhecimento para auxiliar o membro diagnosticado: “Você tem que mudar o estilo de vida, pessoas da família têm que estar cientes da doença e que habilidades e comportamento de quem possui mudam. Por isso, é preciso entender como dar suporte para contribuir com a qualidade de vida da pessoa doente”.
O vínculo do pesquisador com o programa do governo federal finalizou em fevereiro deste ano, mas o cientista permanece vindo ao Brasil com recursos próprios para continuar com a pesquisa e a produção dos vídeos. “Aplicamos para mais recursos e o estudo continua. Nós também temos outras ideias para projetos aqui. O que é nobre é estabelecer um grupo de amigos cientistas que conectam diferentes universidades e países”, conclui o americano.
Os vídeos elaborados durante as pesquisas podem ser assistidos no canal do Youtube da Dra. Elisabete Castelon. Clique aqui para acessar.