O homem moderno: sua tristeza e seu medo – por Elisabete Castelon Konkiewitz

Edward Hopper, Nighthawks, 1942

Do ponto de vista neurobiológico, a tristeza é uma resposta normal do cérebro a experiências negativas, especialmente se estas experiências são inesperadas, e se não há saída, ou seja, independentemente da estratégia utilizada, o sofrimento se mostra inescapável. Já o medo é uma resposta a experiências (reais ou imaginadas) de caráter ameaçador, ou seja, que colocam em risco a posição no grupo, a saúde, ou a vida do indivíduo. Por que será que a tristeza e o medo são os sentimentos do homem do nosso século? Sim, a depressão, que se caracteriza principalmente pela tristeza e a ansiedade, que tem como cerne o medo, são epidemias do nosso tempo e muitas vezes se confundem na experiência subjetiva de sofrimento. Assim, respostas afetivas a princípio normais e que nos ajudam a detectar e a aprender sobre os perigos, preparando-nos para eventos futuros, acabam se tornando sentimentos constantes e generalizados. A tristeza da pessoa deprimida pode se mostrar com mudanças no sono, no apetite, no sistema imunológico, dores no corpo, dificuldade de memória, de concentração, irritabilidade, cansaço e também medo. O medo muitas vezes é difuso e motivado por experiências cotidianas, como ficar sozinho em casa, ou estar entre muitas pessoas. O fato de não conseguir justificar suas próprias reações logicamente torna o paciente ainda mais perturbado e isolado. Ele sabe da aparente desproporção entre o que sente e o que de fato acontece e não consegue compartilhar a sua dor.

De um modo geral, sem ajuda profissional, a tendência é de agravamento e não de melhora espontânea. Durante o tratamento, além do uso de medicação (muitas vezes necessária) é fundamental que a pessoa se volte para si mesma, reveja sua trajetória e procure mudanças na sua forma de perceber e de reagir ao mundo. Aqui retomo a pergunta referente à causa do medo e da tristeza do homem dos nossos dias e tenho como resposta pessoal a nossa forma de vida. Concorrência, imprevisibilidade, mudanças contínuas, rapidez, pressão e isolamento formam uma sociedade de fato ameaçadora. O medo  deflagra respostas cerebrais e hormonais de defesa, que, a longo prazo, vão exaurindo os recursos fisiológicos e psicológicos do indivíduo e o levam à depressão. Talvez a grande contribuição das neurociências, da psicologia e da psiquiatria não esteja apenas em desenvolver medicamentos e técnicas terapêuticas, mas em explicar cientificamente como o nosso padrão atual de vida nos faz adoecer e assim desencadear mudanças sociais, políticas e econômicas que nos tragam mais harmonia e mais saúde.

Profa Dra Elisabete Castelon Konkiewitz é médica graduada pela UNIFESP, em 1993, e doutora em Neurologia pela Technische Universität München – Alemanha, em 2002. Possui o título de especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia e o título de especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Desde 2008 atua como docente na Faculdade de Ciências da Saúde (Universidade Federal da Grande Dourados –UFGD), no cargo de professora associada. Contribuiu com diversos livros nas áreas de Neurociências, Aprendizagem e Educação, incluindo a obra Altas Habilidades/Superdotação, Inteligência e Criatividade: Uma Visão Multidisciplinar , que recebeu o prêmio Jabuti na categoria Educação em 2015. Em 2017 publicou o livro Espectro do Autismo, Criatividade e Emoções-talentos e oportunidades criativas, traduzido para a língua inglesa. Elisabete Castelon Konkiewitz faz parte do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFGD, pesquisando os efeitos cognitivos e neuropsiquiátricos da infecção pelo HIV. Dedica-se à divulgação médica e científica em seu blog Neurociências em Debate e através de vídeos de orientação sobre diversos temas da Neurologia e da Psiquiatria no seu canal no youtube.

Em 2018, a Profa. Dra. Elisabete Castelon Konkiewitz fundou o Instituto de Neuropsiquiatria e Medicina Integrada que presta atendimento médico e multidisciplinar em diversas áreas. Nas áreas de neurologia e psiquiatria, as consultas são realizadas em adultos e crianças, são realizados exame de eletroencefalograma com mapeamento cerebral, laudos e perícias psiquiátricas e neurológicas. A Profa. Dra. Elisabete Castelon Konkiewitz tem mais de 20 anos de experiência no tratamento de crianças com transtornos de aprendizagem e de comportamento, mas também de pacientes com doença de Parkinson, epilepsia, demência/déficits neuropsicológicos, dor crônica, dependência química, apenas destacando os transtornos mais comuns.

O Instituto de Neuropsiquiatria e Medicina Integrada já conta com profissionais nas áreas de ortopedia, fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia e nutrição. A filosofia da fundadora é oferecer atendimento diferenciado e de alto nível a preços que tornem os serviços acessíveis à ampla parcela da população. O Instituto deseja integrar diversas modalidades de tratamento que contribuam para a melhora da qualidade de vida. Assim, haverá acompanhamento médico, psicoterápico e nutricional, reabilitação e acompanhamento neuropsicológico, fonoaudiológico e psicopedagógico para crianças e idosos com o uso de ferramentas complementares como arteterapia, terapia assistida por animais, dança, canto, yoga, técnicas de relaxamento, cozinha terapêutica, artesanato e jardinagem. O Instituto deseja ser um lugar de saúde e bem estar, um ambiente receptivo e acolhedor, onde as pessoas possam passar horas e experimentar momentos de regeneração e cura.

Rua Joaquim Alves Taveira 2590. Para agendamento: 996041996, ou 996041922, ou 30371441.

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