Percepção e construção da realidade – parte 2: a criação das cores pelo cérebro, por Edward Ziff e Elisabete Castelon Konkiewitz

Percepção e construção da realidade – parte 2

Edward Ziff e Elisabete Castelon Konkiewitz

PASSA UMA BORBOLETA
(do “Guardador de Rebanhos” – Alberto Caeiro)

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

 

Temos conhecimento do nosso mundo pelos nossos sentidos. Juntamos ao longo do tempo conhecimento sobre as nossas experiências, boas e más. Armazenamos esse conhecimento em nossa memória e com base nessas memórias, escolhemos nosso novo comportamento.

 

O cérebro processa a informação sensorial da visão, da audição, do toque, do gosto, do cheiro, da dor e do equilíbrio. Elas nos orientam a selecionar, organizar e corrigir o nosso comportamento e antecipar seus resultados.

Muitas percepções dependem da visão, incluindo a percepção da cor, a visão em três dimensões, a percepção de profundidade, a percepção do movimento, a localização no espaço, a leitura de símbolos fonéticos e matemáticos, reconhecimento de pessoas e objetos, formação da imagem corporal, etc.

A informação sensorial informa-nos também do valor no nosso mundo, exemplificada no modelo de Preferência Condicionada por Lugar. Neste tipo de experimento laboratorial, um rato aprende a relação entre os sinais distintivos de seu ambiente e um reforço, positivo ou negativo. Ele os incorpora na memória, mudando o seu comportamento. O animal passa a se mover para o ambiente com os sinais positivos e para longe de um ambiente com os sinais adversos.

O ambiente real se transforma constantemente,desafiando-nos a conseguir formar uma imagem estável do mesmo que oriente nosso comportamento. Como podemos reconhecer as pessoas, os lugares, ou os objetos, quando nossas perspectivas mudam de momento a momento?

Quando o cérebro incorpora os sinais distintivos na memória, este estabiliza nosso mundo, que está em movimento. Esta estabilidade nos ajuda a compreender as coisas ao nosso redor. No entanto, o cérebro não funciona  simplesmente como uma câmera, tirando fotos sequenciadas do nosso universo. O nosso cérebro inventa ou cria os sinais distintivos de seu ambiente para estabilizar o nosso mundo sensorial. Por exemplo, o cérebro cria a aparência da cor.  Pode criar uma imagem colorida a partir de duas imagens em preto e branco. Quando uma destas imagens se projeta através de um filtro monocromático, as imagens sem cor podem ser convertidas em imagens com cor pelo cérebro (Figuras 1-7). CRIAÇÃO DAS CORES PELO CÉREBRO

A criação da cor ajuda o cérebro a atribir sentido ao seu ambiente. Esta experiência foi realizada pela primeira vez por Edwin Land na década de 50. Professor Israel Rosenfield de City University, Nova Iorque, mostra a experiência neste vídeo.

Video_of_Israel_Rosenfield

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