Interações sociais significativas: gentileza gera gentileza

Interações sociais significativas são fundamentais para o bem-estar dos indivíduos. E a maneira como as pessoas se comportam em relação as outras dão o tom em que estas interações ocorrem. Uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal dorsomedial (CPFdm) é ativada quando a função cognitiva social é desempenhada. O registro da atividade de neurônios desta área mostra a ativação de neurônios distintos em resposta a ação de outros indivíduos de um grupo.

Subdivisões do córtex pré-frontal

Vamos entender o contexto?

Em um belo artigo intitulado Células de identidade de agentes sociais no córtex pré-frontal de grupos de primatas em interação (título original abaixo), publicado na revista Science, em 2021, Báez-Mendoza e os seus coautores demonstraram que neurônios distintos do CPFdm respondem às ações de outros animais de um grupo. A condição experimental da pesquisa foi a seguinte: três macacos Rhesus foram postos sentados ao redor de uma mesa giratória, e se revezaram para oferecer uma fatia de maçã a um dos outros dois macacos. Com isso, os cientistas descobriram que não apenas a ação no momento de oferecer a maçã, mas também as ações passadas de um dado indivíduo, ativaram aquele conjunto de neurônios do CPFdm.

E o que quer dizer isso?

Bem, a conclusão é no sentido de que as ações influenciaram a maneira como os outros indivíduos iriam reagir, ou seja, com retribuição da oferta de uma fatia de maçã ou com retaliação, caso o indivíduo não tivesse ofertado o alimento. Estes resultados sugerem que o CPFdm tem papel importante nas decisões estratégicas. Trocando em miúdos: gentileza gera gentileza com a ativação do CPFdm.

Referência:

Raymundo Báez-Mendoza, Emma P. Mastrobattista, Amy J. Wangand, Ziv M. Williams. Social agent identity cells in the prefrontal cortex of interacting groups of primatesScience, 2021 DOI: 10.1126/science.abb4149

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Jainne Martins Ferreira – É colunista de Ciências e Cognição, na área de divulgação científica. Atua como Diretora do Núcleo de Neurociências na NGI. Possui graduação em Ciências Biológicas Modalidade Médica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1998), mestrado em Neuroimunologia pela Universidade Federal Fluminense (2000) e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005). Atuou como professora de Morfologia e Fisiologia dos cursos da área de saúde da Unigranrio. Realizou pós-doutoramento na New York University e no Laboratório de Farmacologia e Bioquímica Molecular na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7045054695928936

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